Invasão da Ucrânia pela Rússia: o que se sabe a esta hora
Começou a guerra na Ucrânia. Um resumo dos acontecimentos.
O que precisa de saber sobre a crise na Ucrânia:
Tropas russas atacaram na costa ucraniana na quinta-feira depois de o Presidente russo, Vladimir Putin, ter autorizado “uma operação militar especial” no Leste da Ucrânia.
A central nuclear de Tchernobil foi capturada pelas forças russas. A informação foi confirmada durante a tarde desta quinta-feira por um conselheiro do gabinete presidencial ucraniano, Mykhailo Podolyak.”É impossível dizer que a central nuclear de Tchernobil está segura após um ataque totalmente inútil dos russos”, disse Podolyak.
“Esta é uma declaração de guerra contra toda a Europa,” sublinhou o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy numa mensagem publicada na rede social Twitter pouco antes de a central nuclear ter sido capturada.
As tropas russas assumiram o controlo da central nuclear enquanto as forças ucranianas tentam combater a invasão russa. As forças russas atacaram a Ucrânia a partir da Bielorrússia, da Rússia e da península da Crimeia, de acordo com os serviços fronteiriços ucranianos. O ministro da Defesa russo afirmou que os seus ataques aéreos não tinham como alvo as cidades.
O ataque orquestrado por Moscovo é a maior ofensiva a um Estado europeu desde a Segunda Guerra Mundial.
Vladimir Putin afirma que esta operação tem como objectivo “proteger as pessoas que foram sujeitas a bullying e genocídio” e tem como objectivo “desmilitarizar e desnazificar a Ucrânia”. O Presidente russo diz ainda que quer “levar à Justiça todos aqueles que cometeram numerosos crimes sangrentos contra os civis, incluindo contra cidadãos da Federação Russa”.
Durante a manhã, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmitro Kuleba, escreveu no Twitter: “Putin acaba de lançar uma invasão em grande escala da Ucrânia. As cidades ucranianas estão sob ataque.” O som de disparos foi ouvido perto da capital ucraniana, Kiev. A Ucrânia afirmou que a Rússia tem bombardeado todo o território até à região ocidental de Lviv.
Situação no terreno: da Rússia à Ucrânia
Ao início da noite na Rússia (fim da tarde em Portugal), era difícil avaliar a situação no terreno. O Ministério da Defesa da Rússia afirmou ter destruído 83 alvos terrestres ucranianos, avança a agência de notícias russa Interfax.
Os protestos que têm acontecido em várias partes do mundo contra a agressão russa também se fizeram sentir no próprio país. Como resposta, as autoridades russas têm efectuado várias detenções. A OVD-info, uma ONG que monitoriza a actuação policial, contabilizava mais de mil detenções em 47 cidades. Em Moscovo havia “pelo menos 173 detidos”, em São Petersburgo eram “pelo menos 89”. De manhã, a jornalista e activista da oposição Marina Litvinovich apelou aos russos que se manifestassem contra “o ataque de Putin contra o povo amigo da Ucrânia”. Pouco depois foi detida.
O presidente da câmara de Kiev impôs o recolher obrigatório na cidade à medida que o som de tiros, sirenes e explosões ecoam pela região.
A zona de exclusão em torno da central nuclear de Tchernobil, a norte de Kiev e junto à fronteira com a Bielorrússia, é o maior palco de combates entre as forças russas e ucranianas. Cerca de uma semana antes da invasão russa, a zona de Tchernobyl foi encerrada aos turistas.
A Ucrânia diz que 50 russos foram mortos na frente leste, de acordo com a AFP. Segundo as forças ucranianas, cerca de 50 “ocupantes russos” foram mortos, quando estas recuperam o controlo da cidade de Shchastia, na região de Lugansk, um dos dois territórios separatistas cuja autoproclamada independência foi reconhecida por Vladimir Putin na terça-feira.
Um avião militar ucraniano foi abatido e cinco pessoas morreram, disseram a polícia ucraniana e o serviço de emergência do Estado à agência Reuters. A AFP avança que pelo menos 14 pessoas seguiam a bordo do avião que se despenhou. O número de vítimas de ambos os lados irá sofrer alterações ao longo do dia.
O mundo reage
O Presidente ucraniano, Volodimir Zelenskiy, pediu aos líderes mundiais que imponham todas as sanções possíveis à Rússia, afirmando que Putin quer destruir o Estado ucraniano.
A NATO activou na manhã desta quinta-feira os planos de defesa e informou que está a reforçar os seus meios no Leste da Europa. “A Rússia atacou a Ucrânia. Trata-se de um brutal acto de guerra. Este é um momento fundamental para a nossa segurança”, justifica o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg. “Este é um passo prudente e defensivo, mas necessário. Dá aos nossos comandantes a autoridade para destacar imediatamente as nossas forças e capacidades para onde são necessárias.”
No entanto, a NATO diz que não tem planos de enviar tropas para a Ucrânia. “A Rússia está a usar a força para tentar reescrever a história. Não temos planos de enviar tropas da NATO para a Ucrânia. O que nós fazemos é defensivo”, justificou Stoltenberg.
O Presidente norte-americano, Joe Biden, condenou o ataque e disse que os EUA E o G7, o grupo das sete maiores economias do mundo, tinha concordado em avançar com “pacotes de sanções severos e outras medidas económicas para responsabilizar a Rússia”
Os países da Europa Central também condenaram o ataque russo e começaram a preparar-se para receber centenas de milhares de pessoas a tentar fugir da Ucrânia. Várias pessoas procuraram já sair da região da capital ucraniana, Kiev.
A China recusa descrever a acção da Rússia na Ucrânia uma “invasão”. "A China está a acompanhar de perto a situação mais recente. Apelamos a todos os lados para que usem a contenção para evitar que a situação fique fora de controlo”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Hua Chunying, criticando as manchetes dos jornalistas. “Esta é talvez uma diferença entre a China e vós, ocidentais. Não vamos apressar-nos a chegar a uma conclusão”, disse Hua Chunying.
O Conselho Superior de Defesa Nacional aprovou, por unanimidade, a participação das Forças Armadas Portuguesas no âmbito da NATO, mas o comunicado não revela nem o contingente militar que será mobilizado, nem os países para onde irá esse contingente no imediato.
A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, e os líderes dos grupos parlamentares representados na Conferência dos Presidentes condenaram o ataque da Federação Russa à Ucrânia e manifestaram a sua total solidariedade e apoio ao seu povo.
Bolsas em queda
As bolsas europeias caíram entre 3% e 4% durante esta quinta-feira. Os mercados de capitais mergulharam num ambiente de grande incerteza. O preço do petróleo escalou acima dos 100 dólares, a cotação do ouro ultrapassou os 1,9 dólares por onça e, nas bolsas, as acções tiveram quebras significativas.
O que pode esperar:
A NATO está a preparar uma cimeira de emergência na sexta-feira. Esta sexta-feira, o Conselho de Segurança da ONU deve votar sobre a resolução que condena a Rússia por invadir a Ucrânia e exige a sua retirada incondicional.