Três grandes enganos sobre a noite eleitoral

Como numa bela tragédia shakespeariana, no ano da graça de 2022 António Costa assassinou sem dó nem piedade aqueles que lhe salvaram a vida em 2015.

Há três grandes enganos sobre a noite eleitoral que convém desmontar. Engano número 1: António Costa ganhou em toda a linha. Não ganhou. O PS perdeu muitos votos para a direita, nomeadamente para Rui Rio. A votação no PSD subiu 120 mil votos. A votação no PS subiu 338 mil. Juntos, o Bloco, o PCP e o PAN perderam 448 mil votos, apesar do aumento da participação eleitoral (mais 140 mil votantes em relação a 2019, uma subida de 2,7%, sem contar com os círculos de emigração). Descontemos a estes 448 mil os 12 mil votos que o Livre conquistou a mais em relação a 2019. Isso significa que o PS teve à sua disposição 436 mil votos perdidos pela esquerda, mais uma parte significativa do crescimento na população eleitoral (imaginemos 40%, 56 mil votos). Isso dá perto de meio milhão de votos a entrar no PS pela esquerda. Mas a subida foi só de 338 mil. Logo, António Costa teve pelo menos 160 mil votos a saírem pelo centro-direita.

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