Fotógrafo René Robert, de 85 anos, caiu na rua e ninguém o socorreu. Morreu de hipotermia
O fotógrafo suíço, reconhecido por ter retratado artistas de flamenco, morreu, depois de ter passado mais de nove horas exposto ao frio, caído numa movimentada artéria parisiense.
A 18 de Janeiro, o fotógrafo René Robert, de 85 anos, saiu após ter jantado para dar um passeio pela Rua Turbigo, bem no centro de Paris. Eram cerca das nove da noite. Mas, em algum momento, o homem caiu inconsciente.
A via, que liga a Praça da República à Igreja de Santo Eustáquio e ao Mercado Les Halles, a dois passos do Museu de Artes e Ofícios, caracteriza-se ainda por ter vários restaurantes, o que torna difícil que ninguém o tenha visto no chão. Mas Robert permaneceu caído durante cerca de nove horas, exposto ao frio, numa noite em que as previsões meteorológicas apontavam para uma temperatura mínima de 3ºC.
O fotógrafo, acusou o seu amigo e jornalista Michel Mompontent, foi “assassinado pela indiferença”. De acordo com o relatado por Mompontent, Robert “morreu sozinho numa rua movimentada da capital [francesa] sem que ninguém parasse para o ajudar”, concluindo que “este fim de vida trágico e repugnante nos ensina algo sobre nós mesmos”. Afinal, a única pessoa a acudir o octogenário foi um sem-abrigo, que chamou os serviços de emergência pelas 6h30 da manhã.
O fotógrafo ainda foi transportado para o hospital, onde lhe foi diagnosticado um traumatismo craniano e uma grave hipotermia, causa do óbito.
Assassiné par l’indifférence.
— Michel Mompontet (@mompontet) January 24, 2022
Ce soir 19h20 sur France Info TV mon hommage au photographe René Robert, mort seul dans une rue passante de la capitale sans que personne ne s’arrête et lui porte secours…et ce que cette tragique et révoltante fin de vie nous apprend de nous-mêmes pic.twitter.com/do2ukLQFY1
René Robert (Freiburg, 1936) era um grande conhecedor de flamenco e retratou artistas como Paco de Lucía, Camarón de la Isla, Sara Baras, Vicente Amigo, Eva Yerbabuena, Marina Heredia e Estrella Morente. Ao longo de sua vida, expôs em muitas cidades, como Paris, Roma, Luxemburgo e Nimes.
O Instituto Cervantes de Paris, com o qual Robert trabalhou várias vezes, lamentou a notícia da sua morte, que foi recebida “com muita dor e tristeza”. “O fotógrafo desenvolveu um trabalho insubstituível de testemunho da arte flamenca do século XX. Movido pelo seu amor e a sua profunda compreensão da tradição hispânica, foi um fiel colaborador deste centro”, indicou o instituto, citado pela agência Efe.