Costa derrota Jerónimo sem dó
Houve momentos de alguma penosidade no debate Jerónimo-Costa, com o secretário-geral do PCP a admitir “novas soluções” tipo “geringonça” e António Costa a descartar, sem dó, repetir o passado comum, perante o outrora parceiro “mais confiável”.
Nem sempre os debates televisivos correram bem a Jerónimo de Sousa. Na campanha eleitoral de 2005, até aconteceu ficar afónico num debate com outros líderes e quase só conseguiu manifestar-se contra o aumento da idade da reforma, acabando por abandonar o estúdio. Esta terça-feira, foi mais um dia “não” para Jerónimo de Sousa. Acabrunhado, não conseguiu justificar, de forma a que o eleitorado compreendesse cabalmente, o voto contra do PCP no Orçamento do Estado, perante um António Costa em versão “animal feroz” que não teve contemplações para com o homem que em 2015 declarou que “o PS só não formava Governo se não quisesse”.
Houve momentos de alguma penosidade, com Jerónimo de Sousa a admitir “novas soluções” tipo “geringonça” no futuro e António Costa a descartar, sem dó, repetir o passado comum, perante o outrora parceiro “mais confiável” da aliança.
O único plano de Costa é a maioria absoluta do PS e esta terça-feira levou, mais do que alguma vez até agora, aos limites a luta por esse objectivo. Eventualmente embalado pelo adversário “ao centro”, Rui Rio, ter, na véspera, cometido um grande erro de campanha ao aceitar discutir com André Ventura a prisão perpétua e ao não excluir futuros acordos parlamentares com o Chega, António Costa jogou todos os seus trunfos, com toda a agressividade e capacidade que se lhe conhece. Foi eficaz ao combater o argumento do Bloco e do PCP segundo o qual o PS “desejou a crise política para ter eleições” — “Alguém acha que um primeiro-ministro quer abrir uma crise política e ir para eleições antecipadas no meio de uma crise destas?” Jerónimo não teve grande reacção.
António Costa e Jerónimo de Sousa são dois homens com killer instinct. Mas na TVI, na noite desta terça-feira, essa qualidade fugiu ao secretário-geral do PCP, que perdeu clamorosamente o debate para o secretário-geral do PS.