Música que combateu o apagamento, música que questionou narrativas

Muqata’a e os sons de uma Palestina que vai resistindo, Luca Argel e um samba interventivo num Brasil doente. Genesis Owusu a mostrar toda a sua versatilidade, Lingua Ignota a referir-se ao fervor religioso para falar de demónios pessoais e Pharoah Sanders a co-criar uma quase-obra-prima apaziguante. A música que nos intrigou num ano combativo.

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É sobre a incapacidade de se amar que Lingua Ignota fala

É sobre a incapacidade de se amar — ou de se ser suficiente — que Sinner Get Ready fala, mas a norte-americana Kristin Hayter, ou Lingua Ignota, aborda o tema de forma codificada. Aproveita a forte relação que as zonas mais rurais e isoladas do estado da Pensilvânia — onde, recentemente, passou uma (difícil) temporada — têm com a espiritualidade para se referir à religião, jogando com metáforas. O seu quarto álbum de estúdio é um objecto assombroso, em que a poderosa voz da californiana, o experimentalismo e o noise contaminam elementos clássicos, criando um todo tão singular como inquietante. Um dos mais impactantes discos do ano, como Nafs at Peace, primeiro longa-duração dos Jaubi. O grupo paquistanês explora com mestria a ideia de catarse e a procura de paz interior, estudando o património musical do seu continente para traçar novos caminhos e esculpir um jazz cósmico inteiramente estimulante.

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