Num ano em pausa, num mundo em tumulto, o Reino Unido renasceu
Os sinais já estavam lá, mas quando olhamos para a música de 2021 damo-nos conta: Sons of Kemet, Black Country, New Road, Little Simz, The Bug, Dry Cleaning, Black Midi, Goat Girl, Laura Mvula. Depois de anos de anemia, uma sociedade britânica em convulsão originou um verdadeiro florescer criativo.
2021? 2021 não existiu realmente, foi apenas o segundo volume de 2020. É esse o impulso inicial quando nos propomos a pesar a música deste ano. Impulso justo, mas não totalitário. Aconteceram coisas, afinal. Discos foram editados, novas perspectivas e novas vozes emergiram, expressou-se o presente de diversas formas. Curiosamente, talvez não se tenham imaginado muitas possibilidades de futuro, mas quando o presente está em suspenso, tal não surpreende. Mark Fisher, o pensador e escritor britânico, falou, em Realismo Capitalista (2008), sobre o “lento cancelamento do futuro” que o pensamento único capitalista foi impondo sobre nós desde o final do século XX — “TINA”, dizia-se e repetia-se em tempos de triste memória. A realidade, viva, múltipla, contraditória e incontrolável, foi tratando de desmascarar o embuste. A música, naturalmente, haveria de o reflectir, e a novidade pandémica tratou apenas de tornar mais evidente aquilo que já estava em curso. No que diz respeito à música, há um espaço geográfico com história longa e venerada na cultura pop em que todo este processo se está a reflectir de forma particularmente radical, profícua e interessante.
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