O PSD e o futuro
No PSD e na escolha que somos chamados a fazer no próximo dia 27 de novembro, acredito que Paulo Rangel tem as condições, o perfil e a vasta experiência política e profissional para liderar a nova maioria do centro para a direita.
Nos próximos anos, o país precisa concentrar todos os seus esforços na convergência com as sociedades mais desenvolvidas da Europa. Esta frase podia ser dita por qualquer português nos anos 80, ou no início dos anos 90, do século passado, quando eu próprio estava a nascer. Mas infelizmente, esta é ainda uma realidade premente e urgente neste início da terceira década do século XXI.
Há duas décadas que Portugal vai descendo para a posição de país mais pobre da Europa. Em 2000 ocupávamos a 15.ª posição no ranking europeu do PIB per capita. Hoje, ocupamos a 19.ª posição. Entretanto, fomos ultrapassados por vários países do Leste e do Báltico e se nada continuarmos a fazer, a cauda da Europa será cada vez mais o nosso lastimável destino. Há 20 anos o PIB per capita nacional era 85% do da média europeia. Hoje já nem aos 80% chega.
Escolhas políticas erradas têm contribuído por ação, ou inação, para este resultado. E as consequências deste definhamento no panorama europeu recaem particularmente sobre os mais pobres e os desafortunados da lotaria da vida. Uma sociedade que conjuga estagnação, pobreza significativa (e geracionalmente muito reprodutiva) com uma triste endogamia social que limita as possibilidades de muitos para subir na vida, independentemente do seu esforço, ou do talento e mérito que possam ter.
A socialização da estagnação atingiu o seu auge nos últimos anos com António Costa.
Por expressa vontade do primeiro-ministro, o país desperdiçou a conjuntura económica e financeira favorável que teve para efetuar reformas significativas que pudessem contrariar o caminho do empobrecimento e colocar Portugal a convergir sustentadamente com a Europa.
Não se pode exigir a um Governo que resolva todos os problemas de uma sociedade ou que reforme em todas as áreas, mas podemos exigir que faça reformas em algumas áreas fundamentais. António Costa foi primeiro-ministro nos últimos seis anos e optou deliberadamente por nada fazer estruturalmente.
Podíamos referir áreas como a Educação, a Administração Pública, a Saúde, a Justiça, a Economia ou a Segurança Social para se constatar que apenas tivemos gestão corrente e satisfação dos desejos de BE e PCP para pura preservação no poder. Por não ter vontade e por estar nas mãos de bloquistas e comunistas, tivemos o Governo menos reformista, mais situacionista, imobilista e conservador das últimas décadas.
A classe média cada vez mais proletarizada, sufocada em impostos e taxas, e com um salário médio líquido de 1000 euros, as novas gerações sem se conseguirem emancipar e sujeitas a salários indignos, os mais velhos abandonados à sua sorte, empresas torturadas pela burocracia e perseguição estatal, serviços públicos a rebentar pelas costuras, e acima de tudo, um país onde não há esperança de ser mais do que isto, do que o “ramerrame” do costume, um país sem elevador social, um país sem ambição.
A crise política de outubro de 2021 é também o corolário de um Governo que existiu apenas para se preservar no Governo, sem vontade reformista. Para olhar para a frente, o primeiro passo é não sujeitar mais o país aos jogos de poder de António Costa e substituir este Governo situacionista por um Governo reformista. É tempo de afirmar e construir uma alternativa do centro para a direita, que não deseje ser Governo apenas para gerir o presente, mas para dar respostas corajosas e ambiciosas aos desafios do futuro.
Se não o fizermos, estaremos a falhar às atuais, mas também às novas gerações.
- Uma nova maioria do centro para a direita que construa um país com efetiva igualdade de oportunidades. Um país em que o que alcançamos na vida esteja mais relacionado com o esforço e o trabalho de cada um, e não seja enviesado por um sistema distorcido, onde a cunha, o favor ou a rede de contactos substituam a Educação como elevador social. Um país onde quem nasce pobre não tenha de esperar cinco gerações até sair da pobreza.
- Uma nova maioria do centro para a direita capaz de impulsionar uma economia forte, robusta e competitiva, com um crescimento sustentável, caracterizada por melhores empregos e melhores salários, que vença o atraso crónico de Portugal, capaz de convergir e descolar da cauda da União Europeia.
- Uma nova maioria do centro para a direita que seja capaz de aproveitar os novos fundos europeus para, finalmente, construir um Portugal de oportunidades para as novas gerações.
- Uma nova maioria do centro para a direita que priorize termos uma economia que não estigmatize quem investe e quem arranca com o seu próprio negócio. Uma economia que não seja soterrada por um sufoco fiscal. Uma economia que valorize quem cria riqueza, condição sem a qual não conseguiremos fortalecer o Estado Social e proteger os mais vulneráveis da nossa comunidade ‒ dos mais jovens aos mais velhos.
- Uma nova maioria do centro para a direita que coloque a coesão territorial no topo das prioridades políticas, com o que tem faltado para resolver as profundas e graves assimetrias e desigualdades territoriais: coragem e ação.
- Uma nova maioria do centro para a direita que lidere um reforço orçamental claro da Cultura, ultrapassando ideias preconcebidas de monopólio político sobre o setor.
- Uma nova maioria do centro para a direita cosmopolita, moderna, aberta aos desafios e às realidades atuais, que não aceita e combate todas as formas de discriminação, que promove a igualdade de género e que tem como objetivo último, uma sociedade onde cada pessoa tem o seu direito à felicidade e ao projeto de vida que escolher.
- Uma nova maioria do centro para a direita que saiba preparar a economia e a sociedade – da escola ao mercado de trabalho, do Estado às empresas – para os desafios da emergência climática e da economia verde e digital, em que os novos modelos de negócio e o avanço da robotização e da inteligência artificial representem mais oportunidades para Portugal e para as novas gerações, ao invés de um ainda maior atraso face aos países mais desenvolvidos.
Acredito que o protagonista dessa alternativa maioritária do centro para a direita é o PSD – principal força reformista da democracia portuguesa. Neste ciclo político e eleitoral que culmina com as eleições de 30 de janeiro de 2022, a responsabilidade de dar esperança à sociedade portuguesa e canalizar o descontentamento geral para um programa ambicioso de convergência europeia, crescimento e mobilidade social cabe ao Partido Social Democrata.
A ambição do PSD deve ser, mais uma vez, de construir uma solução reformista maioritária na sociedade e no país. Sem contemporizações ou complacências com o imobilismo e as soluções fracassadas dos nossos adversários, focando-nos no passo fundamental para o virar de página e cuja responsabilidade também é nossa: vencer as próximas eleições e substituir o atual governo do PS.
No PSD e na escolha que somos chamados a fazer no próximo dia 27 de novembro, acredito que Paulo Rangel tem as condições, o perfil e a vasta experiência política e profissional para liderar a nova maioria do centro para a direita, uma maioria positiva e reformista que ultrapasse o atual impasse político com um novo Governo e uma nova ambição para Portugal e para os portugueses.