Polónia quer “passos concretos” da NATO para resolver crise na fronteira com a Bielorrússia

Forças polacas detiveram 50 pessoas que conseguiram atravessar a fronteira, no mesmo dia em que encontraram o corpo de um jovem sírio no seu território. União Europeia deve anunciar novas sanções contra o Presidente bielorusso, Alexander Lukashenko.

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Migrantes num campo improvisado na região bielorrussa de Grodno, junto à fronteira com a Polónia Reuters

Na véspera de um encontro dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia em que deverão ser aprovadas novas sanções contra a Bielorrússia, o chefe da diplomacia do bloco, Josep Borrell, disse a Minsk que “as pessoas não devem ser usadas como arma”. Com um número indeterminado de pessoas oriundas, na sua maioria, da Síria, Iraque e Iémen encurraladas entre a fronteira da Bielorrússia e da Polónia, Varsóvia diz esperar “passos concretos” da NATO: “Não chegam expressões públicas de preocupação”, afirmou o primeiro-ministro, Mateusz Morawiecki.

Horas antes de receber os ministros dos Estados-membros em Bruxelas, o Alto Represente da UE para a Política Externa falou ao telefone com o ministro dos Negócios Estrangeiros bielorrusso, Vladimir Makei. “As vidas das pessoas devem ser protegidas e as agências humanitárias têm de ter acesso”, escreveu Borrell no Twitter, depois da conversa. “A actual situação é inaceitável e deve parar. As pessoas não devem ser usadas como arma.”

meses que a Polónia e outros Estados da UE acusam o regime da Bielorrússia de encorajar potenciais requerentes de asilo a atravessar a fronteira polaca em vingança pelas sanções impostas a Minsk depois da repressão que se seguiu às presidenciais de Agosto de 2020, quando Alexander Lukashenko foi reeleito numas eleições denunciadas como fraudulentas. Com a chegada de mais algumas centenas de pessoas que esperam assim poder pedir asilo em países da União, e várias tentativas para atravessarem a cerca de arame farpado erguida pelos militares polacos, as tensões subiram muito ao longo da semana passada.

Estima-se que sejam milhares, incluindo famílias e muitas crianças, os migrantes que permanecem nesta zona de floresta, onde as temperaturas são cada vez mais baixas. No lado bielorrusso, serão impedidas de voltar para trás, enquanto os 15 mil militares polacos mobilizados pelo Governo de Varsóvia lhes travam a passagem e perseguem aqueles que conseguem entrar. Desde que a Polónia declarou o estado de emergência na área junto à fronteira, nem as organizações não-governamentais que costumavam ajudar estas pessoas conseguem chegar até elas; estas ONG têm informações de pelo menos dez mortes nas últimas semanas.

No sábado, umas 50 pessoas foram detidas na Polónia depois de terem conseguido atravessar. No mesmo dia, a polícia polaca encontrou o corpo de um jovem sírio perto da fronteira.

As forças polacas garantem que os migrantes recebem instruções e equipamento dos guardas fronteiriços bielorrussos e dizem esperar uma “grande tentativa” para atravessar a vedação em breve. “Estão a ser trazidos enormes troncos de árvore, provavelmente para baixar a cerca”, disse a porta-voz da Guarda de Fronteira, Katarzyna Zdanowicz, à televisão privada TNV24.

A organização Grupa Granica, uma rede de várias ONG polacas, afirma ter informação sobre tentativas da Bielorrússia para forçar os migrantes a atacar os agentes polacos. “Devido ao risco de uma escalada de violência, queremos lembrar a todas as partes que os migrantes não são agressores, mas reféns do regime de Lukashenko”, escreveu a rede num comunicado.

Para além de contar com o apoio da UE, a Polónia espera que a NATO participe com “passos concretos” na resolução da crise, afirmou o primeiro-ministro Morawiecki. Em declarações à agência de notícias estatal PAP, Morawiecki disse esperar “o compromisso de toda a aliança” e acrescentou que a Polónia, a Lituânia e a Letónia (que enfrentam a mesma situação) admitem invocar o Artigo 4 do Tratado de Washington, segundo o qual qualquer aliado pode solicitar consultas quando acreditar que a sua integridade territorial, independência política ou segurança estão ameaçadas.

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