Leituras
O início das comemorações do Centenário de Saramago e os perigos dos ecrãs para Michel Desmurget
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A 16 de Novembro, dia em que José Saramago faria 99 anos, iniciam-se as comemorações do seu centenário que se prolongam durante um ano. Na primeira apresentação do programa o comissário Carlos Reis explicava ao PÚBLICO que seria “um ano para celebrar o centenário de José Saramago sem o canonizar”. Por isso na próxima terça-feira, a partir das 10h da manhã, em centenas de escolas, em Portugal, em Lanzarote e noutros locais, terá lugar a acção “Leituras Centenárias” em que alunos do Ensino Básico lerão, em simultâneo, o conto A Maior Flor do Mundo.
E mais tarde, às 20 horas, no São Luiz Teatro Municipal, em Lisboa, a escritora Irene Vallejo, autora do livro O Infinito num Junco (ed. Bertrand), lerá um “Manifesto pela Leitura”, a que se seguirá o concerto As Sete Últimas Palavras de Cristo na Cruz, de Joseph Haydn pela Orquestra Metropolitana de Lisboa, dirigida pelo maestro Pedro Neves com leitura de textos de José Saramago pela actriz Suzana Borges.
Há um ano a escritora espanhola Irene Vallejo conversou (à distância) com o jornalista Pedro Rios sobre este seu best-seller que recebeu o Prémio Nacional de Literatura espanhol. Este O Infinito Num Junco é “um ensaio que se lê como um romance, um livro sobre a Antiguidade que nos explica quem somos hoje" lia-se na crítica publicada no Ípsilon.
Mas o centenário do nascimento do Nobel da Literatura 1998 já começou a ser preparado com o lançamento de uma edição de luxo do livro Viagem a Portugal (Porto Editora), que está nas livrarias desde 4 de Novembro, e com o arranque das filmagens de uma série documental para a RTP inspirada neste livro, realizada por Ivan Dias e protagonizada pelo humorista, actor e apresentador brasileiro Fábio Porchat, da Porta dos Fundos. A jornalista Natália Faria foi até Amarante assistir às filmagens da série, que revisita os lugares por onde o escritor passou entre Outubro de 1979 e Julho de 1980.
Outra viagem, desta vez às ruas de Braga, com a obra Falar (es) bracarense (s), janelas da transformação de um espaço rural. José Teixeira, da Universidade do Minho, quis perceber melhor a realidade social e cultural da região, interpretando o que se ouve pelas ruas. A jornalista Isabel Moura esteve à conversa com o autor.
Uma entrevista a não perder: “Os pais e os professores já não acreditam que os ecrãs são bons para a concentração, que melhoram os resultados escolares, porque estão no terreno, porque percebem que as crianças têm problemas com a língua, com os números, lidam com ansiedade, com problemas de sono”, disse à jornalista Bárbara Wong o neurocientista francês Michel Desmurget, que há mais de 15 anos que investiga sobre a exposição aos ecrãs e o impacto do seu uso. A Fábrica de Cretinos Digitais - Os perigos dos ecrãs para os nossos filhos, editado em Portugal pela Contraponto, recebeu o Prémio Femina de Ensaio em França.
Também Valter Hugo Mãe acaba de lançar um novo romance a que chamou As Doenças do Brasil (Porto Editora). “O meu livro, por mais exuberante que seja, não compete com a exuberância real das comunidades indígenas, do que elas verdadeiramente pensam e dizem, porque dizem coisas que são muito mais estranhas, mais opacas e impenetráveis para o espírito europeu”, diz o escritor numa entrevista ao Ípsilon.
Cristina Peri Rossi é a vencedora do prémio Cervantes de 2021. Soube-o na antevéspera do seu 80.º aniversário e como se vê pelo artigo do jornalista Luís Miguel Queirós, que podem ler aqui, a escritora uruguaia continua com sentido de humor. Em baixo, podem ler um dos seus poemas com tradução de Nathalia Rech. Foi partilhado no Instagram pelo poeta e editor brasileiro Carlito Azevedo.
No sábado morreu o poeta cubano Raúl Rivero e Luís Miguel Queirós escreveu o obituário. Na ilha de Java, Raden Roro Hendarti pede às crianças que recolham lixo e, em troca, empresta-lhes livros. Uma reportagem que pode ler na Ímpar, bem como as três receitas do Casal Mistério que “tem de fazer pelo menos uma vez na vida”.
A jornalista Renata Monteiro, do P3, foi descobrir alguns dos livros que inspiram os activistas em Glasgow. Na sua crónica, Nuno Pacheco volta ao tema do Acordo Ortográfico. E Tradutor: traidor ou traído? é o título da crónica de André Pinto Teixeira no P3.
O livro Música Negra chegou na terça-feira às livrarias, numa edição da Orfeu Negro. É uma reunião de ensaios sobre músicos de jazz dos anos 1960 e consciência negra do poeta e activista político LeRoi Jones (mais tarde Amiri Baraka 1934-2014). No Leituras pode ser lido o ensaio “1963-O Jazz e a crítica branca”. Também está já nas livrarias Os Profetas, pelas Edições Asa. Este é o primeiro romance do norte-americano Robert Jones, Jr.. O capítulo Magda pode ser lido no Leituras.
“João Barrento dá-nos uma tradução de todos os poemas de Hölderlin, e esta grandiosa tarefa traz consigo uma exigência de leitura: é preciso não ficarmos presos à dimensão filosófica e mítica que se foi acumulando à volta da figura do poeta e lê-lo como um poeta ‘de corpo inteiro’", escreve o crítico António Guerreiro a propósito de Todos os Poemas, seguido de Esboço de uma Poética (Assírio & Alvim).
Isabel Lucas esteve a ler De Noite Todo o Sangue é Negro. Editada em Portugal pela Relógio D'Água, esta obra deu a David Diop o International Booker Prize. E a Rita Pimenta escreve esta semana sobre o livro infantil de Natalina Cóias: Maria Mete Medo (Livros Horizonte).
Será a editora Quetzal a editar em Portugal La Plus Secrète Mémoire des Hommes, o romance de Mohamed Mbougar Sarr, que recebeu o Goncourt. A Mais Secreta Memória dos Homens será o título português. Chegará às livrarias em 2022, com tradução de Cristina Rodriguez e Artur Guerra.
Até para a semana.