A Câmara da Póvoa de Varzim aceitou nesta terça-feira os termos de um acordo extrajudicial para resolver o conflito que mantinha com uma designer norte-americana Tory Burch, que produzia e vendia cópias da tradicional camisola poveira, anunciou o autarca local. Em causa está uma acção interposta pelo Estado Português, através do Ministério da Cultura, num tribunal de Nova Iorque, com o intuito de combater a “apropriação abusiva” da camisola poveira, por parte da estilista.
“A ministra da Cultura endereçou-nos uma proposta de acordo para resolução deste conflito. Dei à nota à câmara municipal, que concordou com os termos do acordo e decidiu aceitá-lo. Demos conhecimento dessa posição ao ministério da Cultura”, explicou Aires Pereira, presidente da autarquia da Póvoa de Varzim. O autarca explicou que, por enquanto, foi pedido “confidencialidade sobre os termos do acordo”, considerando que “foi o acordo possível”, mas prometendo que seu tempo “todos saberão os contornos do mesmo”, acrescentou.
Em causa está uma cópia da tradicional camisola poveira, peça de vestuário típica da comunidade piscatória local, que foi lançada na colecção da estilista norte-americana Tory Burch, em Março deste ano, e inicialmente promovida como uma peça de inspiração mexicana. A empresária colocou o produto à venda na loja online da sua marca, com um preço de 695 euros, como sendo design próprio e sem fazer qualquer referência ao facto de se tratar de uma peça tradicional da Póvoa de Varzim.
A situação foi descoberta através das redes sociais, tendo mais tarde merecido uma reacção da autarquia poveira, à qual se associou o Ministério da Cultura, que deu seguimento a uma acção judicial, nos Estados Unidos da América, para a "reparação dos danos para a cultura portuguesa e da Póvoa de Varzim”.
Na altura, Tory Burch, através de uma publicação na rede Twiter, assumiu que foi “atribuído erroneamente uma camisola da colecção Primavera 2021 como inspirada em Baja, México, e não ter feito referência às bonitas e tradicionais camisolas de pescador tão representativas da cidade de Póvoa de Varzim”. E acrescentou: “Pedimos sinceras desculpas aos portugueses. Queremos reconhecer ainda mais essa importante tradição, e estamos a trabalhar em conjunto com a Câmara Municipal da Póvoa de Varzim de forma a encontrar as melhores soluções para apoiar os artesãos locais.”