Cristina Ferreira doa cerca de 30 mil euros a associação contra o cyberbullying
Vendas do livro Pra Cima de Puta, publicado no ano passado pela apresentadora, reverteram agora para a No Bully, associação sem fins lucrativos que luta contra o cyberbullying.
Foi há um ano que Cristina Ferreira, apresentadora de televisão e directora de Entretenimento e Ficção da TVI, lançou o livro Pra Cima de Puta. “Este livro é sobre a violência e sobre a necessidade urgente de mudar. Com ele, pretendo confrontar-nos com a impunidade das agressões que, nas redes sociais, se dirigem não interessa a quem ou com que consequências”, disse na altura, fazendo referência ao ódio gratuito e como este pode ganhar dimensões assustadoras online, dado a quantidade de comentários insultuosos que, no seu caso, recebeu sobre aquele título.
Já na altura, a autora garantia que os proveitos a título de direitos de autor seriam entregues a uma instituição que chamasse a atenção para a causa e lançou uma petição “contra o ódio e a agressão gratuita na Internet”, que conta já com mais de 45 mil assinaturas e aguarda discussão no Parlamento. Como o prometido é devido, um ano depois, a apresentadora contribuiu com quase 30 mil euros de royalties do livro para a No Bully — uma associação criada em 2016 com o objectivo de “prevenir, parar e resolver o (cyber)bullying em Portugal”, isto é, todo o tipo de agressões, sejam elas físicas, verbais, relacionais ou feitas de forma diferida, por mensagens, e-mails ou chats.
“Na Internet e nas redes sociais, a maldade grassa, o fel destila. Assusta-me perceber que há gente que se alimenta disso, que julga e agride os outros com facilidade e sem pudor”, acrescenta a autora na sinopse do livro. Foi também tendo em conta esta preocupação que a apresentadora se aliou à No Bully para realizar, até ao final do ano e em 2022, três projectos, organizando um programa de jovens embaixadores, formações online e ferramentas de apoio aos alvos de cyberbullying. A apresentadora já anunciou a sua participação nas redes sociais.
O fenómeno não é novo, mas acentuou-se nos últimos tempos devido à pandemia. Segundo um estudo divulgado recentemente pelo Centro de Investigação e Intervenção Social do ISCTE, mais de 60% dos estudantes foram alvo de algum tipo de ódio online durante os três meses de confinamento; 41% dos inquiridos que se assumiram enquanto agressores admitiram que se sentiam indiferentes ao sofrimento causado ou até alegres, sendo que apenas 16% sentiam alguma culpa.