PAN considera “incompreensível” a “precipitação” de Marcelo em avançar para eleições

A porta-voz do PAN defende que Marcelo Rebelo de Sousa devia “ter ouvido os partidos” antes de anunciar que iria dissolver a Assembleia da República no caso de chumbo do Orçamento do Estado.

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Inês Sousa Real vai transmitir ao Presidente da República a discordância do PAN à forma "como todo este processo foi gerido" LUSA/TIAGO PETINGA

A porta-voz do PAN considerou esta sexta-feira “um pouco incompreensível” a “precipitação do Presidente da República” em decidir de antemão a dissolução do Parlamento e posteriores eleições antecipadas decorrentes do “chumbo” do Orçamento do Estado para 2022 (OE2022).

Contactada pela agência Lusa, Inês Sousa Real referiu que, “para o PAN, é claro que houve uma precipitação do Presidente da República” em considerar apenas um cenário de eleições legislativas antecipadas como consequência da rejeição da legislação orçamental para o próximo ano.

“Fazê-lo sem ter ouvido os partidos, fazê-lo sem ter considerado que havia outras possibilidades que não se esgotassem na dissolução [da Assembleia da República] é não pôr os interesses do país à frente”, sustentou, acrescentando que com este cenário “só lá em meados de Maio” de 2022 é que haverá um Orçamento do Estado e “isso não serve o país” neste momento de recuperação socioeconómica.

Na audiência de sábado com Marcelo Rebelo de Sousa, a dirigente do PAN disse que vai expressar a “incompreensão” pela maneira “como todo este processo foi gerido”.

O Parlamento “chumbou" na última quarta-feira, na generalidade, o OE2022 com os votos contra do PSD, BE, PCP, CDS-PP, PEV, Chega e IL, abrindo caminho a eleições legislativas antecipadas.

O PS foi o único partido a votar a favor da proposta orçamental, que teve as abstenções do PAN e das duas deputadas não inscritas, Joacine Katar Moreira e Cristina Rodrigues.

Antes da votação, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já tinha avisado que perante um chumbo do OE2022 iria iniciar "logo, logo, logo a seguir o processo” de dissolução do Parlamento e de convocação de eleições legislativas antecipadas.

Horas depois, Marcelo reuniu-se com o primeiro-ministro, António Costa, e o presidente do Parlamento, Ferro Rodrigues, no Palácio de Belém, em Lisboa. 

Para dissolver a Assembleia da República, o Presidente tem de ouvir os partidos parlamentares, o que acontece no sábado, e o Conselho de Estado, que se reúne na quarta-feira.