O “tropeção” está a bater à porta do Benfica
Nunca nesta temporada o Benfica teve um contexto tão fértil para escorregar na I Liga. O risco da perda de pontos frente ao Estoril (sábado, 19h) está aí à porta, mais até do que antes da derrota em Portimão, no início do mês.
“A fuga ao tropeção” é um “filme” que Jorge Jesus terá de gravar neste sábado [19h, SPTV], no Estoril, já que nunca nesta temporada o Benfica teve um contexto tão fértil para escorregar na I Liga. O “fantasma” da perda de pontos está aí à porta, mais até do que antes da derrota com o Portimonense, no início do mês.
Mais do que uma previsão, este é o corolário de uma conjugação de indicadores. À cabeça, o de que o Benfica vem de uma sequência que inspira pouca confiança. Desde a vitória com o Barcelona, na Champions, seguiram-se uma derrota com o Portimonense, um triunfo inesperadamente difícil frente ao frágil Trofense, na Taça, com prolongamento, uma goleada do Bayern de Munique, um triunfo no último minuto frente ao Tondela e um empate em casa do Vitória, na Taça da Liga, com perda de dois golos de vantagem. Em suma, o nível exibicional não está com o fulgor do início da temporada e os resultados, aqui e acolá, atestam isso mesmo.
Depois, o Benfica terá de ir ao Estoril. Trata-se da visita ao actual quarto classificado da I Liga, existindo ainda o dado importante de o Estoril ter passado a semana sem jogar – um bálsamo físico para os da Amoreira, mas também estratégico: houve uma semana inteira a pensar, estudar e preparar o Benfica.
E este é um jogo que se segue ao desgaste de uma partida aberta e intensa como aquela que o Benfica disputou em Guimarães, a meio da semana – a talhe de foice, acrescente-se que João Mário, pêndulo da equipa, foi obrigado a horas extraordinárias nessa partida. “A ideia era deixá-lo não tão carregado para este jogo com o Estoril, porque vai ser muito intenso. Mas vai ser um dos jogadores lançado no jogo, independentemente de em Guimarães ter jogado a maior parte do tempo”, garantiu Jorge Jesus, na antevisão do jogo.
Por fim, os “encarnados” enfrentam todo este contexto hercúleo numa fase em que estão com problemas de permeabilidade defensiva. O próprio Jesus assumiu-o, ainda que lembre que jogar com o Bayern e com o Vitória ajude a enviesar esta amostra. “Estou preocupado. O Benfica sofreu 14 golos em 18 jogos. Desses, metade sofreu nos últimos três jogos. Os outros sete golos sofreu em 15 jogos”, apontou.
Para este jogo, espera-se um Estoril sem pudor em apostar num bloco baixo. Apesar de gostar de ter a bola no pé, em processo ofensivo, o capítulo defensivo é, geralmente, feito em contenção. Como exemplo mais útil, a partida que teve frente a um dos “grandes” (Sporting) trouxe 36% do tempo de jogo passado no terço defensivo do Estoril – um valor bastante alto, acima até da média da equipa que mais tempo passa no seu terço (o Marítimo, 35% do tempo).
Quer isto dizer que, repetindo a receita – que não teve sucesso, acrescente-se –, o Estoril atestará o motivo pelo qual é a sexta equipa que mais remates concede aos adversários, a terceira que mais tempo passa no seu terço do campo e a quinta que menos remates faz.
Bruno Pinheiro, treinador do Estoril, assumiu isto mesmo. “Olhos nos olhos na ambição, sim. Nas armas e nos meios, não diria tal, porque são realidades completamente distintas. Se o fizéssemos, provavelmente estaríamos a dar uma vantagem muito grande ao adversário”, apontou.
O plow twist em tudo isto é que os estorilistas, a fazerem um grande campeonato, conseguem, com esse baixo número de remates, ser o quarto melhor ataque da I Liga. É, portanto, uma equipa eficaz na hora de atirar à baliza e criar lances de golo, até pela qualidade técnica de vários jogadores como Chiquinho, Franco, Geraldes ou Arthur.