Em Janeiro de 2020, pouco antes de o mundo sucumbir a uma pandemia, Jean Paul Gaultier despediu-se da alta-costura com um desfile que terá ficado para a história: não só pelo facto de ter sido o seu último naquele registo, mas também pelo irreverente humor, criações bizarras (de um vestido de noiva futurista usado pela modelo Karlie Kloss a um toucado de papoilas exibido pela actriz espanhola Rossy de Palma) e até alguma desordem.
Na altura, porém, aquele que conquistou o epíteto de enfant terrible do mundo da moda disse que a despedida não era o fim, tendo na manga novidades sobre um novo conceito. Depois, foi o que se sabe: a pandemia foi declarada em Março, e o mundo fechou-se dentro de quatro paredes. Agora, numa altura em que a reabertura parece estar para ficar, eis uma novidade: Jean Paul Gaultier acaba de lançar, esta semana, um serviço de aluguer para algumas das suas mais icónicas criações — e não são poucas.
Para alugar, há mais de 30 mil peças que foram criadas ao longo de uma carreira de 50 anos, como o famoso vestido-gaiola apresentado originalmente no magazine Eurotrash, que Gaultier apresentou entre 1993 e 1997, ou o icónico espartilho em cetim com que Madonna se apresentou na bem-sucedida tournée Ambition Blond.
O objectivo da iniciativa passa por encontrar formas de tornar a reutilização real, criando um caminho para uma moda mais sustentável, mas também por dar acesso a peças exclusivas a um maior número de pessoas: os preços vão desde 150€ por um lenço assinado até 700€ por um vestido de noite cuja etiqueta de preço para venda facilmente atingiria os milhares. Como o caso do espartilho usado por Madonna, que integrou a edição de 1994 do Livro de Recordes do Guinness, após ter sido leiloado pela Christie's por 12.100 euros — afinal, era o valor mais elevado de um artigo de vestuário pertencente a Madonna até então —, e que foi posteriormente leiloado por 52 mil dólares (44.643€ ao câmbio actual).