Rangel pede eleições a 20 ou 27 de Fevereiro e anuncia Poiares Maduro para programa eleitoral

Candidato à liderança do PSD diz que o voto no PS é “inútil” porque “não há entendimento possível” à esquerda.

Foto
Paulo Rangel considera que a data das directas no PSD é compatível com legislativas em Fevereiro LUSA/RODRIGO ANTUNES

Paulo Rangel, candidato à liderança do PSD, avança com uma data para as legislativas – 20 ou 27 de Fevereiro de 2022 colocando assim pressão no processo de marcação das eleições gerais no país e tornando mais clara a divergência com Rui Rio sobre esse timing.

O eurodeputado anunciou ainda que a coordenação das bases do programa eleitoral do PSD, caso venha a ganhar a disputa pela liderança, está a cargo de Miguel Poiares Maduro, ex-ministro de Passos Coelho e membro do conselho consultivo do conselho estratégico nacional criado em Setembro de 2020 por Rui Rio. A área económica ficará a cargo de Fernando Alexandre, ex-secretário de Estado no governo liderado por Passos Coelho. 

Em conferência de imprensa, na tarde desta quinta-feira, num hotel em Lisboa, Paulo Rangel assumiu apoiar o requerimento já subscrito por 68 conselheiros nacionais a pedir a antecipação do congresso de Janeiro para 17,18 e 19 de Dezembro. As directas mantêm-se a 4 de Dezembro, mas o candidato à liderança parece antever alguma tentação por parte da actual direcção de voltar a tentar suspender as eleições internas.

“Nenhuma razão se antevê para alterar, cancelar essas eleições. Essa data é perfeitamente compatível com a marcação de eleições legislativas nos primeiros meses de 2022 garantindo que qualquer líder do partido, qualquer que seja, vai defrontar as eleições gerais com legitimidade forte e reforçada”, afirmou.

O candidato à liderança do PSD vê as datas de 20 ou 27 de Fevereiro para as legislativas como “perfeitamente adequadas” e considera que em “nada afecta o interesse nacional”, argumentando que esse prazo é “racional, rápido e razoável” e que permite a “estabilização” das lideranças de vários partidos, além de “minimizar os riscos de pandemia em tempos de campanha”.

Apesar de sublinhar que a marcação das eleições legislativas é da “competência exclusiva” do chefe de Estado e que “não é matéria de opinião dos partidos”, Rangel considerou que “o Presidente da República vai querer ir a eleições com os partidos perfeitamente pacificados”.

Na questão do calendário entre as eleições internas e as gerais, o eurodeputado foi questionado sobre a hipótese de as legislativas antecipadas serem marcadas para Janeiro, o que obrigaria à entrega de listas de deputados ainda em Dezembro, já depois de os militantes do PSD escolherem o seu presidente em 4 de Dezembro, mas ainda antes da realização do congresso (mesmo que seja antecipado) em que são eleitos os restantes órgãos.

Paulo Rangel desvalorizou a questão, colocando-a no plano político e jurídico. “É evidente que a partir do momento em que o partido tem um líder eleito, esse líder é que é responsável por conduzir o processo de apresentação das listas”, afirmou, considerando tratar-se de “uma questão de bom senso”.

Ainda sobre a audiência que o Presidente da República lhe concedeu, Paulo Rangel condenou as críticas lançadas por Rui Rio sobre essa reunião: “Não é próprio de um candidato a primeiro-ministro”. 

Relativamente ao novo ciclo político que resultará das próximas legislativas, Paulo Rangel reiterou que, se for eleito líder do PSD, recusará a “perniciosa” solução do Bloco Central. “Para mim está fora de questão dar a mão ao PS e a António Costa e fazer Bloco Central de partidos e interesses”, afirmou, afastando os benefícios do voto à esquerda. “O voto no PS é inútil porque não há entendimento possível, depois do divórcio litigioso à esquerda”, defendeu.

Sugerir correcção
Ler 50 comentários