Um microscópio que Charles Darwin (1809-1882) deu ao filho Leonard (que viria a afirmar-se como um defensor da eugenia), e que permaneceu na família durante quase 200 anos, vai ser leiloado em Dezembro — espera-se que arrecade quase meio milhão de euros.
O instrumento foi concebido por Charles Gould para a firma Cary por volta de 1825 e é um dos seis microscópios sobreviventes associados ao naturalista britânico, de acordo com a casa de leilões Christie's.
A data da sua construção coincide com a época em que Darwin estava a estudar zoófitos, organismos como o coral e a anémona marinha.
“É apenas um formigueiro incrivelmente espinhoso olhar através disto e ver o mundo microscópico que Darwin teria visto nos anos 1820 e 30”, disse James Hyslop, chefe de Departamento de Instrumentos Científicos, Globos & História Natural, na Christie's, à Reuters.
“Mais tarde na sua vida, em 1858, há uma carta maravilhosa que ele escreve ao seu filho mais velho dizendo que o jovem Lenny estava a dissecar no seu microscópio e ele disse ‘Oh papá, eu devia estar tão contente com isto a minha vida toda’. É maravilhoso ter aquela ligação familiar de Charles Darwin pouco antes de ele se tornar internacionalmente famoso.” Darwin publicou a sua obra pioneira A Origem das Espécies, em 1859, eleito, em 2015, o livro académico mais influente de sempre.
O microscópio será proposto no leilão da Christie's Valuable Books & Manuscripts, no dia 15 de Dezembro, e tem um preço estimado entre as 250 mil e as 350 mil libras (296 a 415 mil euros).