Leipzig, um farol a leste
Nem “nova Berlim”, nem apenas uma cidade em renascimento e a viver vários hypes. Depois das dores da RDA e da Reunificação, a milenar Leipzig faz uso dos pergaminhos da sua importância histórica e cultural. E merece valer por si mesma. Uma cidade musical, vibrante e cheia de cultura que vale a pena descobrir.
“É uma cidade quase completamente nova.” Estamos sentados numa das muitas esplanadas desta cidade de espírito juvenil, muito dada à vida na rua e na praça, a ouvir Sebastian Ringel, 45 anos, o nosso guia do momento e um homem que sabe do que fala. Enquanto aponta para o histórico edifício da “nova” câmara municipal (na verdade, apesar de reconstruções, ficou-lhe o apodo de ‘nova’ mas é uma cidadela erigida por volta de 1900), Ringel traça-lhe todo um historial que é metáfora do tão frenético quanto dramático último século de vida da maior cidade da Saxónia, batendo a capital Dresden. Leipzig, que celebrou há pouco o seu milénio, foi sempre um farol da Alemanha, mesmo quando o país foi dividido em dois e se tornou um dos marcos da enclausurada República Democrática Alemã. Até porque, quando foi preciso dar uns passos pela liberdade, foi Leipzig a chegar-se à frente com marchas de milhares de pessoas a enfrentaram o regime de velas na mão: foi a Revolução Pacífica, que já tinha começado muitos anos antes com pequenos grupos a rezar pela paz e que, por fim, com a coragem das multidões, abriu caminho ao longo de Outubro de 1989 para, poucos dias depois, levar à queda do esconjurado Muro de Berlim – a capital fica a menos de 200km –, a 9 de Novembro. “Nós somos o povo”, gritavam milhares pelas ruas até o mundo e uma RDA em fim da meta ouvirem.
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