Lee vence primárias e vai ser o candidato do Partido Democrático à presidência da Coreia do Sul

Governador de Gyeonggi é um outsider do maior partido e é suspeito de envolvimento num esquema de corrupção. Mas o seu provável adversário em 2022 também está implicado em vários escândalos.

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Lee Jae-myung foi eleito na última volta das primárias do partido liberal com 50,29% dos votos KIM HONG-JI/Reuters

Lee Jae-myung, governador da província de Gyeonggi, venceu as primárias do Partido Democrático e vai ser o candidato dos liberais nas eleições presidenciais da Coreia do Sul, agendadas para Março do próximo ano. 

Apesar de não ter contado com o apoio do establishment do partido do actual Presidente, Moon Jae-in, e mesmo tendo o seu nome implicado num alegado escândalo de corrupção, Lee venceu a derradeira das 11 voltas das eleições internas neste domingo, arrecadando 50,29% dos votos.

Pelo caminho ficou o antigo primeiro-ministro Lee Nak-yon (2017-2020), com apenas 39,14%.

As suas principais promessas – como a redução drástica dos preços da habitação e a criação de um rendimento básico universal – já foram catalogadas pela oposição e pela cúpula do partido como “populistas”.

O Partido Democrático, no poder, é favorito nas eleições de 2022. Mas o establishment receia que as suspeitas que recaem sobre Lee, aliadas às críticas que tem feito ao Governo e ao Presidente Moon, possam pôr em risco a manutenção do poder executivo.

Lee Jae-myung é suspeito de ter favorecido empresas privadas num negócio de exploração de um terreno público, em 2015, em Seongnam, quando exercia o cargo de presidente da câmara desta cidade.

O dirigente político nega todas as acusações e diz mesmo que as eleições de 2022 serão “a derradeira batalha contra o sistema corrupto”. 

Na corrida à Casa Azul (residência oficial do Presidente), Lee não é, porém, o único com telhados de vidro. Yoon Seok-youl, o mais que provável candidato do Partido do Poder Popular à presidência, também o viu o seu nome implicado numa série de escândalos bizarros.

De acordo com o South China Morning Post, em causa estão as ligações entre Yoon, um ex-procurador, e um acupuncturista anal, por um lado, e os relatos de que recebe conselhos e faz depender as suas opções políticas da validação de um misterioso pastor com dons divinatórios, conhecido apenas por Cheongong.

A política sul-coreana tem sido marcada nos últimos anos por diversos escândalos, alguns envolvendo práticas de crimes. A antiga Presidente Park Geun-hye, por exemplo, foi destituída do cargo em 2017, por causa do envolvimento num esquema de corrupção e abuso de poder – tendo sido acusada, no ano seguinte, e condenada a 20 anos de prisão.

“Costumava só haver um candidato envolvido em escândalos, mas os dois principais candidatos estão ambos envolvidos em escândalos nestas eleições, o que demonstra como a Coreia do Sul está a regredir politicamente”, lamenta Lee Jun-han, professor de Ciência Política na Universidade Nacional de Incheon, citado pela Reuters.

Segundo um inquérito conjunto de quatro empresas de sondagens da Coreia do Sul divulgado na semana passada, Lee Jae-myung junta 44% das intenções de voto para 2022, ao passo que Yoon Seok-youl se fica pelos 33%.

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