Com muitos voos marcados? Eis as dicas da tripulação para manter a pele saudável apesar das máscaras
O uso de máscaras, cirúrgicas ou do tipo FFP, por longos períodos pode ser suportável para alguns. Mas há muita gente que se queixa de irritação, vermelhidão, comichão e até de acne. E, em ambiente de avião, a probabilidade destes sintomas é ainda maior.
O ar que se respira dentro de uma cabina de avião é tipicamente seco, o que exige cuidados especiais para evitar a desidratação. Agora, desde que o uso de máscara (cirúrgica ou do tipo FFP, como a maioria das companhias aéreas exige) se tornou obrigatório para viajar, os problemas de pele tornaram-se mais evidentes, sobretudo para quem passa mais tempo no ar, como os pilotos e a tripulação de bordo.
Falámos com uma piloto e quatro hospedeiras de bordo e estas são as suas dicas e truques de cuidados com a pele.
Beba água — e, depois, beba mais água
Esta dica pode parecer óbvia, mas todas as pessoas com quem falámos começaram com o mesmo conselho: “Beber imensa de água quando se estiver a viajar.”
“Quando estamos num avião, estamos em altitude; [o ar] é mais seco no avião do que no [deserto do] Saara”, observa a piloto Carole Hopson, da United Airlines. “Bebo toda a água que posso, às vezes quase quatro litros por dia.”
Se houver consumo de álcool — que é desidratante — a assistente de bordo Sharmy Aldama recomenda que se compense com o aumento de ingestão de água. “O avião está super seco, por isso, especialmente se vai beber algo como um pouco de vinho ou algo do género, deve apostar em beber água.”
E não é para ficar à espera do carrinho de bebidas: pode transportar uma garrafa vazia e enchê-la após passar o controlo de segurança ou pedir à tripulação — não há nenhuma directiva que obrigue as companhias a responder positivamente ao pedido, mas a recusa será um episódio raro.
Abuse dos cremes
Missy Roemer tem licença de esteticista, mas apaixonou-se pela carreira de assistente de bordo. Ainda assim, transporta consigo o conhecimento sobre os cuidados a ter com a pele e não hesita em apontar a desidratação como o problema número 1 das viagens.
“Estamos lá em cima em altitude, o ar está tão seco”, diz ela. O que acontece, nestes casos, é que “a pele compensa produzindo mais gordura”. Por isso, Missy Roemer recomenda a utilização de um sérum ou hidratante (idealmente com factor de protecção solar) que contenha ácido hialurónico, que “absorve a água da atmosfera à volta e pode aguentar mil vezes o seu peso em água”. “É um dos meus ingredientes favoritos e está a tornar-se cada vez mais popular, o que é óptimo porque é mais fácil de encontrar.”
Se houver espaço na bagagem de mão, Roemer encoraja os viajantes a embalar um humidificador portátil. Além disso, aconselha a utilização de gotas de lubrificante ocular.
Mude a máscara entre voos
As máscaras fazem um óptimo trabalho para nos proteger a nós e aos outros de infecções por vírus, nomeadamente o coronavírus responsável pela covid-19. Mas, depois de algum tempo de uso, também retêm suor, gordura, humidade e sujidade. No que diz respeito à sua pele, “as máscaras de pano são o diabo”, avalia a assistente de bordo Briony Miller, baseada em Dallas.
Esta hospedeira usa máscaras descartáveis e muda de máscara com muita frequência: entre cada voo, depois de comer ou quando repara que a máscara está cheia de humidade quente.
Recuse a comida do avião
Briony Miller notou problemas na pele quando estava a treinar para ser assistente de bordo. Não só estava sob stress físico e emocional, como comia muita comida de avião para poupar dinheiro. Até que uma colega da tripulação a advertiu que a culpa dos seus problemas de pele residia na comida do avião. A partir daí, Briony começou a evitar esses alimentos, reparando que sempre que comia um pouco, tinha crises de acne nódulo-cística, que é caracterizada pela presença de nódulos sob a pele, que são dolorosos.
O facto não surpreendeu Missy Roemer, já que, explica, a comida de avião é concebida para ter sabor a grande altitude, não para ser saudável: tem sal a mais, gordura a mais, açúcar a mais. E tudo o que se come num voo acaba por “sair pela pele”. A solução? Levar comida para a viagem.
Limpe a pele logo após aterrar
Assim que aterrar, faça questão de limpar bem a pele para combater a experiência de viagem, a começar por uma dupla lavagem: “A primeira é apenas para se libertar do que o dia lhe deixou”, como o suor, as toxinas e a poluição do ar e que se acumulou na pele; enquanto a segunda ronda de limpeza é para tratar a própria pele.
Missy Roemer esclarece que se pode usar o mesmo produto para ambas as limpezas, mas aconselha a quem usa maquilhagem começar por um produto de limpeza cremoso e depois mudar para um gel ou para uma espuma.
Procure ajuda
Para os que notam problemas graves derivados da utilização da máscara, a melhor dica a dar passa por consultar um dermatologista, já que o que funciona para um viajante, não funciona para outro: o tratamento dependerá muito do tipo de pele.
Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post
Tradução: Carla B. Ribeiro