Galiza quer que Caminho Português de Santiago seja “porta de entrada” para peregrinos fora da Europa

No Ano Santo Xacobeo 21-22 , “a porta de entrada de muitos peregrinos vai ser através de Portugal, sobretudo através do Porto e do seu aeroporto”, diz o vice-presidente do Governo galego. A Galiza defende uma maior colaboração com Portugal no Caminho de Santiago.

Foto
Nelson Garrido

O vice-presidente do governo autónomo da Galiza, Alfonso Rueda, quer Espanha e Portugal a uniformizar o Caminho de Santiago em termos de sinalização e albergues e atrair novos públicos, nomeadamente fora da Europa, através do aeroporto do Porto.

Numa altura em que se assinala o Ano Santo Xacobeo 21-22 em Santiago de Compostela, Espanha, cujas comemorações se prolongam pela primeira vez por dois anos devido à pandemia de covid-19, e se assiste à retoma do turismo, Alfonso Rueda disse querer ultrapassar os 350 mil peregrinos e, assim, estabelecer um novo recorde.

“A porta de entrada de muitos peregrinos vai ser através de Portugal, sobretudo através do Porto e do seu aeroporto”, disse à Lusa, aquando da apresentação do Ano Santo Xacobeo 21-22, no Porto.

Apesar de Portugal ser o segundo país com mais peregrinos, depois de Espanha, Alfonso Rueda “quer mais ainda” e quer, sobretudo, peregrinos vindos de fora da Europa apontando, a título de exemplo, os americanos ou asiáticos.

Focando-se nos turistas asiáticos, o vice-presidente do governo autónomo da Galiza explicou que estes viajam muito entre os meses de Janeiro e Março, altura em que há poucos peregrinos a fazer o Caminho Português de Santiago.

O aeroporto do Porto é “uma boa porta de entrada” para estes mesmos peregrinos, sobretudo numa ocasião em que o turismo já dá sinais de retoma, considerou.

O propósito é mostrar aos turistas que o Caminho de Santiago é um “destino e uma experiência única”, acrescentou.

“Quem faz o caminho depois acaba por voltar com a família ou com amigos para conhecer a região e isso significa actividade económica e projecção internacional”, frisou.

Além de querer atrair mais pessoas, Alfonso Rueda quer os dois países a uniformizar o caminho, nomeadamente ao nível da sinalização, dos albergues e zonas de descanso.

O objectivo é que um peregrino faça o caminho e não note diferenças quando sai de Portugal e entra em Espanha e, apesar de reconhecer que Espanha está mais adiantado nessa questão, Alfonso Rueda vincou que Portugal está a fazer as coisas “francamente bem”.

“Há caminho nos dois lados da fronteira, não é um fenómeno só de Espanha, por isso, deve haver aqui uma homogeneização”, sublinhou.

E, desde o último Ano Santo Xacobeo que se assinalou há 11 anos, muita coisa mudou, desde a rede de alojamentos, a segurança viária, a promoção e as infra-estruturas, disse.

Neste últimos anos, Alfonso Rueda revelou que o caminho português “cresceu muito” e muitos negócios rejuvenesceram.

O vice-presidente do governo autónomo da Galiza afirmou não poder falar num “ano pleno de Xacobeo”, dando conta que no mês de Fevereiro apenas 16 peregrinos chegaram a Santiago de Compostela.

Contudo, acrescentou, já se verifica uma retoma gradual, esperando receber cerca de 140 mil peregrinos até Outubro.

“Fazer o caminho é seguro, apesar de haver muita gente”, afiançou.

O Xacobeo, também conhecido como Ano Jacobeu, Ano Santo ou Ano Jubilar, só é celebrado quando a festividade do Apóstolo Santiago do dia 25 de Julho acontece a um domingo.

Isto ocorre em um intervalo de anos diferentes, a cada cinco ou seis anos e, às vezes, chega a ser 11.