Caminhos de Santiago: Douro faz-se ao percurso de Torres. São 567km de “grande beleza”

O percurso, alvo de um projecto de requalificação, cruza “caminhos ancestrais” de Portugal e Espanha, serpenteando entre cidades Património Mundial da UNESCO e a região do Alto Douro Vinhateiro.

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Nelson Garrido

Com mais de 500 quilómetros de extensão, o Caminho de Torres foi agora apresentado e liga Salamanca e Santiago de Compostela atravessando três regiões do património mundial, num investimento superior a um milhão de euros. O projecto, que interliga cinco comunidades intermunicipais, está planeado para 24 dias de caminhadas – e vai estar sob os holofotes este mês no I Congresso Internacional do Caminho de Santiago, que se realiza em Amarante.

“Apresentamos aqui, no Santuário da Lapa, o Caminho de Torres por uma razão histórica. Este santuário em Portugal e Santiago de Compostela em Espanha chegaram a ser, em tempos, os dois santuários mais importantes da Península Ibérica”, começou por justificar o presidente da Câmara de Sernancelhe.

Carlos Silva Santiago, simultaneamente presidente da CIM Douro, explicou que o Caminho de Torres entra em Sernancelhe e percorre mais seis concelhos desta região que é património mundial: Moimenta da Beira, Tarouca, Lamego, Régua e Mesão Frio, estes dois últimos concelhos do distrito de Vila Real.

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“É um percurso de grande beleza com 567 quilómetros que homenageia o espanhol Diego de Torres, professor catedrático de Salamanca que esteve exilado em Portugal e idealizou este percurso no ano de 1737”, contou o presidente.

Na apresentação pública deste novo Caminho de Santiago, Carlos Silva Santiago disse que “são percorridos caminhos ancestrais de Portugal e Espanha, atravessando cidades que fazem parte do Património Mundial da UNESCO e a região do Alto Douro Vinhateiro”.

“O Caminho de Torres é um exemplo nacional de cooperação entre regiões, pois surge de uma candidatura conjunta de cinco comunidades intermunicipais (CIM): do Tâmega e Sousa, do Alto Minho, do Ave, do Cávado e do Douro, com um montante de investimento superior a um milhão de euros”, explicou.

Carlos Silva Santiago destacou ainda que o Caminho de Torres “é o único trajecto que junta no mesmo caminho localidades tão importantes como o imaginário medieval já correu como Tarouca, Amarante, Guimarães, Braga e Ponte de Lima”.

Este responsável adiantou que “há partes do caminho que já estão devidamente sinalizadas” e, em Sernancelhe, “tem-se notado, principalmente ao fim de semana alguns caminheiros, mas agora, o caminho ficará em breve totalmente sinalizado o que o torna também muito mais seguro”.

O historiador responsável pelo projecto, Paulo Almeida Fernandes, contou que “desde 2017 tem sido feito o estudo e identificação do caminho; a valorização e qualificação; a promoção, divulgação e monitorização e, agora, um quarto eixo possível, de certificação”.

Este último ponto, explicou o historiador, “surgiu com a intervenção da Direcção-Geral do Património e Cultura do Norte e do Turismo de Portugal e, mais em concreto, com o Turismo do Porto e Norte, sendo possível avançar para a certificação”.

O presidente do Turismo Porto e Norte, Luís Pedro Martins, prometeu promover o caminho nacional e internacionalmente e elogiou a “rapidez de todo o processo” e a directora da Direcção da Cultura do Norte; Laura Castro, aos elogios acrescentou a “importância destes caminhos na agregação dos valores patrimoniais, culturais e naturais que agregam territórios”.

O Caminho de Torres, que liga as cidades espanholas, ambas património da humanidade, Salamanca a Santiago de Compostela, entrando em Portugal por o concelho de Almeida (Guarda), até Valença (Viana do Castelo), e junta-se aos Caminhos de Santiago já existentes em Portugal: o Caminho do Norte, o da Costa, o do Interior e o Central Português