Nova Iorque exige prova de vacinação a líderes mundiais na Assembleia Geral da ONU

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirma que a organização não tem competência para “dizer a um chefe de Estado que não pode entrar se não estiver vacinado”.

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António Guterres discutiu com as autoridades de Nova Iorque os meios para vacinar os participantes na Assembleia-Geral da ONU ANDREW KELLY/Reuters

Os chefes de Estado e de governo e todos os delegados presentes na Assembleia Geral das Nações Unidas, na próxima semana, terão de apresentar prova de vacinação contra a covid-19, informaram as autoridades de Nova Iorque na quarta-feira. O secretário-geral da ONU, António Guterres, já disse, no entanto, que não pode exigir um comprovativo aos líderes mundiais para entrar no Salão da Assembleia Geral.

Com o principal evento diplomático do mundo a ser realizado presencialmente pela primeira vez desde a pandemia, a comissária de Assuntos Internacionais de Nova Iorque, Penny Abeywardena, comunicou na semana à Assembleia Geral da ONU, por carta, que as autoridades da cidade consideram o hemiciclo como um “centro de convenções” e, como tal, sujeito às regras locais que exigem a apresentação de certificado de vacinação.

“Todas as pessoas que entrarem no edifício da ONU para assistir e participar na Assembleia Geral terão de exibir um certificado de vacinação”, escreveu Abeywarde na missiva, enviada a 9 de Setembro.

Em declarações à Reuters, António Guterres afirmou, porém, que a ONU não tem competência para impor a exigência das autoridades nova-iorquinas. “O secretário-geral não pode dizer a um chefe de Estado que não pode entrar nas Nações Unidas se não estiver vacinado”, disse Guterres.

A sede da ONU, em Manhattan, é um território internacional e não está sujeita às leis dos Estados Unidos. No entanto, os funcionários das Nações Unidas já se comprometeram a seguir as orientações locais e nacionais no que à pandemia diz respeito.

“Discutimos com as autoridades de Nova Iorque as diferentes formas de garantir que tenhamos o máximo de pessoas vacinadas e o gabinete do mayor colocou à nossa disposição os meios necessários para que isso aconteça”, disse o secretário-geral da ONU, para quem a discussão sobre quantos diplomatas estão imunizados ilustra “como é dramática a desigualdade que existe no mundo em relação à vacinação”. 

O mayor de Nova Iorque, Bill de Blasio, disse na quarta-feira que a cidade irá disponibilizar, a partir da próxima semana, o teste de covid-19 e a vacina de dose única da Johnson & Johnson num local fora da sede das Nações Unidas.

De Blasio elogiou o presidente da Assembleia Geral, Abdulla Shahid, por dizer aos colegas da ONU, numa carta, que apoia totalmente a prova de vacinação e que trabalharia com o secretário-geral para implementar a exigência “o mais rapidamente possível.”

No entanto, o embaixador da Rússia nas Nações Unidas, Vassily Nebenzia, afirmou que Moscovo se opõe à apresentação do comprovativo de vacinação, classificando a medida como discriminatória.

A embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield, pediu no mês passado aos líderes mundiais que fizessem as suas intervenções através de videoconferência em vez de viajarem para Nova Iorque, dizendo que ajudaria a evitar que a Assembleia Geral se tornasse num “evento super-propagador”.

Segundo a lista provisória, 74 chefes de Estado, 33 presidentes de governo e dois vice-primeiros-ministros, assim como 22 ministros dos Negócios Estrangeiros, confirmaram a sua presença no plenário da Assembleia Geral, que começa na próxima terça-feira, entre eles o Presidente do Brasil. Jair Bolsonaro já disse em várias ocasiões que será “o último brasileiro” a ser vacinado.

Entre os vários líderes mundiais que estarão presentes na Assembleia Geral da ONU contam-se ainda o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente do Governo de Espanha, Pedro Sánchez, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e o Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan.

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