Dias depois de quebrar um recorde, ao partilhar no Instagram a carta de uma menina afegã, Angelina Jolie volta a dar cartas na causa humanitária. A embaixadora da Boa Vontade do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados publicou um livro, em parceria com a Amnistia Internacional, com o qual espera contribuir para o empoderamento das crianças em todo o mundo, dando-lhe as ferramentas para “lutarem” pelos seus direitos.
Know You Rights and Claim Them (Conhece os teus direitos e reclama-os, em tradução livre) foi escrito por Jolie em parceria com a advogada de direitos humanos Geraldine Van Bueren, uma das autoras da Convenção sobre os Direitos das Crianças das Nações Unidas, de 1989. Juntas procuram preparar os mais pequenos com conhecimento para, em segurança, conseguirem desafiar as injustiças. “Tantas crianças estão em perigo à volta do planeta e não estamos simplesmente a fazer o suficiente”, disse a actriz, em entrevista à Reuters. “Estes são direitos, decididos há anos, com base no que as tornaria adultos saudáveis, equilibrados, seguros e estáveis”, sublinha.
A enviada especial das Nações Unidas para os Refugiados diz esperar que o livro relembre os governos dos seus compromissos para com o tratado global que promete consagrar os direitos civis, sociais, políticos e económicos das crianças. “Passamos muito tempo a bloquear esses direitos e, por isso, este livro é para ajudar os mais pequenos a ter uma ferramenta que lhes diga: ‘Estes são os teus direitos, estas são as coisas que tens de questionar para ver o quão longe estás — consoante o teu país e as tuas circunstâncias — de aceder a estes direitos, quais são os obstáculos, outros que vieram antes de ti e lutaram e a forma como podes lutar’”, explica Angelina Jolie. “É um manual para lutar”, resume.
Mãe de seis filhos, entre os 19 e os 12 anos — Maddox, Pax, Zahara, Shiloh e os gémeos Vivienne e Knox —, a ex-mulher de Brad Pitt conta que imprimiu a Convenção sobre os Direitos das Crianças das Nações Unidas e a colou na parede da sua casa. Mais tarde, ficou surpreendida ao descobrir que o seu país, os Estados Unidos, não a ratificou: “Enfureceu-me e fez-me começar a questionar o que isso significa? Então, para cada país, qual é a ideia de ter o direito à educação… mas depois por que razão tantas crianças não estão na escola? Por que estão as raparigas no Afeganistão a ser feridas quando vão à escola?”
Como ser um activista?
Além de falar sobre a justiça, a educação e a protecção do perigo, entre outras questões, o livro de Angelina Jolie também é um guia para os mais pequenos se tornarem activistas, de forma segura, com um glossário de termos e organizações. “Através do livro tens de encontrar o teu próprio caminho para seguir em frente. Estamos muito preocupados com a segurança das crianças e também não as queremos a correr pelas ruas a gritar os seus direitos e colocarem-se em perigo”, reconhece.
Para ajudar os pequenos activistas, o livro está repleto de exemplos de vozes poderosas de jovens de todo o mundo, incluindo a vencedora do Nobel da Paz, Malala Yousafzai, a activista ambiental Greta Thunberg e a jornalista palestiniana, de 15 anos, Janna Jihad. “Estava a tentar mostrar ao mundo o que as crianças palestinianas enfrentam todos os dias”, contou Jihad, que vive na vila de Nabi Salih, na zona ocupada por Israel, a Angelina Jolie, numa videochamada com outros jovens activistas. “É muito importante unirmo-nos a outros jovens, é a forma de conseguir fazer mudanças”, acrescentou a jovem britânica que luta por um sistema alimentar mais saudável, Christina Adane, de 17 anos.
O livro de Angelina Jolie está disponível para pré-venda a partir desta quinta-feira, ainda sem tradução para português. Mas o objectivo é chegar ao maior número de línguas e, para isso, a actriz diz contar com a ajuda dos jovens, para que “chegue a mais crianças”. “As crianças vão dizer umas às outras que este livro existe e podem fazer parte de o traduzir e o passar a outros”, conclui.