Pastorinha de Fátima inspira moda feminina elegante mas conservadora
Na Venezuela, as Missionárias da ABC Prodein, tendo como inspiração Jacinta, estão a ajudar mulheres em situações vulneráveis através da promoção de “uma moda elegante, bonita, mas que preserva a dignidade do corpo feminino, da mulher”.
A congregação das Missionárias da ABC Prodein, na Venezuela criaram a Moda Jacinta, inspirada na pastorinha de Fátima, com a qual procuram vestir as venezuelanas de maneira elegante, mas conservadora, e ao mesmo tempo financiar projectos educativos para 2000 crianças. “Procuramos ajudar as mulheres em situações vulneráveis, ensinando-lhes o ofício de costura, para as ajudar a progredir através de um trabalho digno, e ao mesmo tempo promover uma moda modesta”, resume uma das irmãs missionárias.
Segundo Andrea Acevedo Vargas, a primeira fase do projecto foi a formação, durante a qual houve um workshop sobre costura, modelação, corte, empreendedorismo, vendas. Também sobre manequins feitos de material reciclado e um retiro espiritual, em três cantinas comunitárias que dirigem em dois bairros de Caracas.
Por outro lado, explicou que estão actualmente na fase de “produção da nova marca e linha de moda Jacinta”, para o que elegeram algumas das mulheres que receberam formação, acrescentando que a aposta é fazer que o projecto seja auto-sustentável.
Sobre o uso do nome da pastorinha de Fátima, justifica que a escolha se deveu ao facto de Jacinta Marto ser “a santa, não-mártir, mais jovem da Igreja Católica” e que “foi uma das crianças que viu Nossa Senhora de Fátima, em 13 de Maio de 1917”.
“Antes de morrer, Jacinta teve várias ‘visitas privadas’ (aparições) de Nossa Senhora que lhe disse que viriam modas que ofenderiam muito a Deus. Então nós, respondendo à mensagem de Nossa Senhora de Fátima, através de Santa Jacinta, quisemos chamar assim ao projecto e promover uma moda elegante, bonita, mas que preserva a dignidade do corpo feminino, da mulher”, explica.
A irmã Andrea Acevedo acrescenta ainda que o slogan do projecto é “qualidade, elegância e autenticidade” e que por isso procuram, com ajuda de voluntárias, “um equilíbrio entre elegância, intemporalidade e funcionalidade”.
“Ainda estamos a trabalhar nos modelos para que sejam elegantes, mas juvenis, frescos e que possam ser utilizados em qualquer ocasião”, frisa, precisando que se trata de uma “marca que recicla”, por isso usam entre “80 e 90% de tecido novo” em cada peça de vestuário, “mas todas têm um detalhe estampado ou uma cor diferente, feito com material reciclado”.
Sobre as mulheres que confeccionam as peças, explica que muitas não concluíram os estudos básicos nem estavam a trabalhar, mas que “agora têm um emprego decente, recebem um ordenado e são capazes de manter as suas casas com o rendimento que recebem através da costura”.
Andrea Acevedo informa que “há muitas maneiras de ajudar o projecto” e quem sabe coser ou desenhar pode ajudar como voluntário, quem tiver roupa em bom estado, que já não usa, pode doá-la e quem quiser também pode financiar. “Além de encontrar uma peça que gosta, quem compra faz uma doação ao mesmo tempo, porque uma percentagem das vendas da Jacinta vai para a educação. Temos duas escolas, onde atendemos mais de 2000 alunos e 10% das vendas vão para a educação”, revela.
No atelier de costura, situado no oeste de Caracas, há alguns meses que a modista portuguesa Assunção Maria Gonçalves de Ramos colabora com o projecto, formando dois dias por semana as novas costureiras. A freira considera ainda que “é muito importante que as raparigas tenham uma profissão, que aprendam a defender-se, a confeccionar peças de vestir, para sustentar o projecto”.
“Começámos por fazer blusas, calças, saias e vestidos. Agora fazemos um pouco de cada coisa e um trabalho social para que gente com poucos recursos tenha um ofício”, refere. Para Assunção Maria Gonçalves dos Ramos, é importante “ver a mulher bem vestida, elegante, mas conservadora, não tão destapada”.
Para a costureira Milay Torres, tem sido “uma experiência fabulosa ver que, a partir de um padrão simples, de uma peça de tecido, se pode fazer uma peça de roupa”. “E o facto de ser feita pelas minhas próprias mãos é fabuloso”. A mulher diz ainda que é importante “resgatar essa parte da mulher que se tem perdido com o tempo e as modas” e agradece a Deus pela oportunidade, pois agora pode dar ao pai “os medicamentos de que precisa para o Alzheimer e a diabetes”.
A aluna Maria Elena Vera Villalba ganhou um concurso com um traje feito à mão e agora tem o desafio de aprender a coser à máquina.