Dielmar declarada insolvente, credores reúnem-se a 26 de Outubro

Tribunal nomeia administrador de insolvência de Coimbra proposto pela própria empresa. Seguem-se 30 dias para reclamação de créditos.

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ANTÓNIO JOSÉ

O Juízo de Comércio do Fundão, do Tribunal Judicial da Comarca de Castelo Branco, declarou a insolvência da Sociedade Industrial de Confecções Dielmar, S.A, requerida pela empresa, com mais de 300 trabalhadores.

A Dielmar, com sede em Alcains, concelho de Castelo Branco, avançou com o pedido de insolvência ao fim de 56 anos de actividade, na mesma altura em que fechou para um período de férias que se prolonga até 17 de Agosto.

A declaração foi assinada na terça-feira pela juíza de turno Laura Abriel, que nomeou para administrador da insolvência João Gonçalves, de Coimbra. Este nome foi proposto pela empresa.

Segue-se o prazo de 30 dias para reclamação de créditos. Este prazo é contínuo e não se suspende devido às férias judiciais. A primeira assembleia de credores ficou agendada para 26 de Outubro, às 14h.

Os trabalhadores da Dielmar decidiram na segunda-feira, em plenário, realizar uma concentração junto aos Paços do Concelho na próxima segunda-feira, 9 de Agosto.

A administração da empresa justificou o pedido de insolvência com o impacto da pandemia. Efectivamente, as contas mostram uma deterioração significativa das receitas que, em 2019, ascenderam a nove milhões de euros e em 2020 caíram para três milhões. Porém, desde 2011, todos os exercícios terminaram com prejuízos anuais que variaram entre os 600 mil e 1,7 milhões de euros.

Tal desempenho mostra como os problemas já vinham de há anos, como anotou o Ministério da Economia que, quer através do próprio ministro quer através de um comunicado, frisaram que a Dielmar absorveu oito milhões de euros do erário público em ajudas ao longo da última década tendo falhado o cumprimento das contrapartidas exigidas e que passavam por uma reestruturação financeira, operacional e de gestão.

A insolvência da Dielmar deixa mais de 300 trabalhadores em risco. A empresa de confecção, especializada em alfaiataria, emprega famílias inteiras que, agora, vêem os postos de trabalho ameaçados pela eventual liquidação da massa insolvente.

O Governo recusa-se a injectar mais dinheiro (tal como os bancos haviam feito em 2020) mas prometeu empenho em encontrar uma solução que permita aproveitar estes trabalhadores. O ministro da Economia admitiu na segunda-feira que o Estado pode vir a não recuperar os oito milhões de euros com que apoiou esta empresa.

​"Mais de oito milhões de euros públicos já estão a apoiar a empresa, portanto não vale a pena meter dinheiro fresco em cima de uma empresa que neste momento não tem salvação”, disse Pedro Siza Vieira. 

Segundo o Governo, a empresa tem dívidas de 10,3 milhões de euros entre banca, fisco, Segurança Social e fornecedores.