Todos contra a W52-FC Porto na Volta a Portugal
A W52-FC Porto venceu as últimas oito edições da Volta, com o clube portista já dentro da equipa nas últimas cinco. É um domínio tremendo e, em 2021, o pelotão da corrida não parece ser capaz de o reverter.
Desta quarta-feira até dia 15 corre-se a Volta a Portugal, com 18 equipas em competição: uma delas tem no plantel os vencedores das últimas quatro edições da prova e, depois, existem as outras 17. Estas duas premissas permitem resumir o que se espera da Volta 2021: em tese, a W52-FC Porto vai vencer – resta saber o nome do campeão.
Amaro Antunes, Jóni Brandão e João Rodrigues vão liderar uma equipa que, como sempre, tem em prova o plantel mais recheado, contando ainda com um ex-vencedor da Volta, Ricardo Mestre, um ex-corredor internacional, Ricardo Vilela, e os experientes Daniel Mestre e Samuel Caldeira.
Também como já é habitual, a formação nortenha não vai destacar um líder e vários domestiques, mas sim um trio de corredores que vão disputar, na estrada, o estatuto de líder. A primazia será dada a quem primeiro se mostrar em melhor forma e num cenário extremo – mas longe de utópico –, até poderá haver espaço para todos eles num top-5 ou mesmo num pódio exclusivo a quem veste de azul e branco.
Amaro Antunes é o actual campeão, João Rodrigues é o ciclista com futuro mais brilhante pela frente e Jóni Brandão é uma contratação de luxo, com um palmarés rico na Volta (ainda que só com um triunfo, em 2018, e como “presente” pela desclassificação do dopado Raúl Alarcón).
Como parar a W52-FC Porto?
Como acabar com o longo reinado da W52-FC Porto, que venceu as últimas oito edições? Não é uma pergunta de resposta evidente. Montar um bloco mais forte do que o de Nuno Ribeiro é missão impossível para qualquer equipa portuguesa e, mesmo para as internacionais, é pouco menos do que utópico.
Mas há quem tente. Sem Jóni Brandão, a Efapel aposta num trio de qualidade: António Carvalho deverá liderar à frente do trepador Frederico Figueiredo e do regressado André Cardoso, suspenso por doping durante quatro anos.
Há, depois, outra estratégia possível, que é assumir a fraqueza geral do bloco e apostar tudo na qualidade de um corredor em concreto. Nesse sentido, os olhos poderão estar nos algarvios do Tavira, que se reforçaram com Gustavo Veloso, de 41 anos, já vencedor de duas edições da Volta a Portugal, e Vicente de Mateos, sempre o líder do Louletano.
Como é possível fazer um texto da Volta 2021 sem que o foco seja a presença da Movistar? Talvez porque a equipa espanhola vem totalmente descaracterizada. É a Movistar, mas não é bem a Movistar.
É certo que é a primeira equipa do escalão principal do ciclismo mundial a vir à prova portuguesa desde a Lampre, em 2011, mas também fica claro, na startlist dos espanhóis, que não há nenhum corredor de nível mundial escalado para a Volta. O espanhol Sergio Samitier, 13.º classificado do Giro 2020, será o líder.
Ainda nas formações estrangeiras, destaque para a presença de Ben King na equipa Rally Cycling (o americano já venceu duas vezes na Vuelta) e, sobretudo, de Jelle Vanendert, na equipa Bingoal.
O belga de 36 anos não deverá lutar pelo triunfo final – nunca foi essa a sua especialidade –, mas dará algum prestígio à competição. Trata-se de um ex-vencedor de etapas na Volta a França e um dos bons valores das clássicas da última década (pódios na Amstel Gold Race e na Flèche Wallone).
Muita montanha
No que diz respeito ao percurso esta é uma Volta mais dura do que tem sido. O caminho fortemente montanhoso é retomado pela organização e não faltarão as passagens obrigatórias na Torre e na Senhora da Graça. No fundo, há tudo o que tem de haver.
A corrida terá seis chegadas com contagens de montanha, três delas em subidas duras (Torre, Serra do Larouco e Senhora da Graça). Haverá ainda três dias de etapas abertas, para fuga ou sprint, e dois contra-relógios: um a abrir, em Lisboa, muito curto (5,4km), e um a fechar, em Viseu, mais longo (20km). Com tanta montanha antes do contra-relógio final, é provável que a selecção de valores esteja já bem feita antes do “crono” de Viseu.
Por fim, nota para o muito calor que deverá estar de regresso à Volta. Depois da edição especial de 2020, adiada para o final de Setembro por culpa da pandemia de covid-19, a corrida está de novo marcada para o mês de Agosto. Como é habitual na prova portuguesa, ter força para pedalar ao calor será um dos grandes desafios a quem quer vencer a corrida.