Reino Unido vai proibir anúncios de “junk food” para combater obesidade

Produtos como chocolates, refrigerantes, bolos, batatas fritas, pizzas ou nuggets de frango só poderão ser publicitados depois das 21h. Medida entra em vigor no final de 2022.

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Os hambúrgueres estão incluídos nos produtos que não podem ser publicitados até às 21 horas TANNEN MAURY/LUSA

O Reino Unido vai banir os anúncios televisivos e online que publicitem comida com níveis elevados de açúcar, sal e gordura. As restrições fazem parte da estratégia do Governo britânico para combater a obesidade, que afecta mais de um quarto dos adultos britânicos.

A partir do final do próximo ano, vários produtos apenas poderão ser publicitados online ou em programas televisivos, em directo ou on demand, entre as 21 horas e as 5.30 horas da manhã.

A lista de produtos inclui chocolates, refrigerantes, bolos, doces, gelados, bolachas, batatas fritas, pizzas, cereais de pequeno-almoço, iogurtes, refeições pré-confeccionadas, nuggets de frango e filetes de peixe.

Contudo, as empresas podem continuar a publicitar os seus produtos nas suas redes sociais e websites.

As proibições não irão incidir sobre a publicidade de empresas mais pequenas até 250 empregados. Também alguns produtos que contêm níveis mais elevados de açúcar, sal e gordura serão excluídos das restrições, por não serem considerados produtos de riscos para a obesidade. É o caso do mel, azeite e abacate.

Com a medida, o Governo quer comprometer-se “em melhorar a saúde das nossas crianças e combater a obesidade”, nas palavras de Jo Churchill, ministra da Saúde Pública britânica.

“Os conteúdos que os mais novos vêem têm impacto nas escolhas que fazem e nos hábitos que ganham”, disse. “Com as crianças a passarem mais tempo online”, Churchill considera “vital” que o Governo aja para as “proteger de publicidade pouco saudável”.

A indústria publicitária considerou as novas restrições “draconianas”, acusando a medida de não impactar de forma significativa os hábitos alimentares das crianças e de ser enganosa. Acusa ainda a proposta de prejudicar as empresas, escreve a BBC.

O chefe da Fundação britânica do Coração, Charmaine Griffiths, por sua vez, encarou a proposta “corajosa” como um “passo positivo” para proteger as crianças de serem “expostas a publicidade de “junk food”, citou a emissora britânica.

Desde 1990 que o peso dos britânicos tem vindo a aumentar e, actualmente, mais de 60% da população adulta tem excesso de peso, de acordo com o Serviço Nacional de Saúde britânico. Além disso, vários estudos sugerem, os problemas com o peso surgem sobretudo na infância e as crianças que crescem em ambientes desfavorecidos têm mais probabilidade de vir a ter excesso de peso.

O Governo tem afirmado a sua prioridade de combater a obesidade e melhorar a saúde pública. Desde 2018 que os fabricantes têm de pagar mais impostos pelos produtos com altos níveis de açúcar. E no ano passado proibiu as promoções “leve dois, pague um”. 

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, também declarou a sua posição em relação à obesidade depois de ter sido hospitalizado com covid-19 no ano passado.

Johnson afirmou que a obesidade era uma dos “factores reais de comorbidade” associados à doença, “acrescentando que a perda de peso “é uma das formas de reduzir o risco de [desenvolver uma doença severa] de covid-19”.

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