O Reino Unido vai banir os anúncios televisivos e online que publicitem comida com níveis elevados de açúcar, sal e gordura. As restrições fazem parte da estratégia do Governo britânico para combater a obesidade, que afecta mais de um quarto dos adultos britânicos.
A partir do final do próximo ano, vários produtos apenas poderão ser publicitados online ou em programas televisivos, em directo ou on demand, entre as 21 horas e as 5.30 horas da manhã.
A lista de produtos inclui chocolates, refrigerantes, bolos, doces, gelados, bolachas, batatas fritas, pizzas, cereais de pequeno-almoço, iogurtes, refeições pré-confeccionadas, nuggets de frango e filetes de peixe.
Contudo, as empresas podem continuar a publicitar os seus produtos nas suas redes sociais e websites.
As proibições não irão incidir sobre a publicidade de empresas mais pequenas até 250 empregados. Também alguns produtos que contêm níveis mais elevados de açúcar, sal e gordura serão excluídos das restrições, por não serem considerados produtos de riscos para a obesidade. É o caso do mel, azeite e abacate.
Com a medida, o Governo quer comprometer-se “em melhorar a saúde das nossas crianças e combater a obesidade”, nas palavras de Jo Churchill, ministra da Saúde Pública britânica.
“Os conteúdos que os mais novos vêem têm impacto nas escolhas que fazem e nos hábitos que ganham”, disse. “Com as crianças a passarem mais tempo online”, Churchill considera “vital” que o Governo aja para as “proteger de publicidade pouco saudável”.
A indústria publicitária considerou as novas restrições “draconianas”, acusando a medida de não impactar de forma significativa os hábitos alimentares das crianças e de ser enganosa. Acusa ainda a proposta de prejudicar as empresas, escreve a BBC.
O chefe da Fundação britânica do Coração, Charmaine Griffiths, por sua vez, encarou a proposta “corajosa” como um “passo positivo” para proteger as crianças de serem “expostas a publicidade de “junk food”, citou a emissora britânica.
Desde 1990 que o peso dos britânicos tem vindo a aumentar e, actualmente, mais de 60% da população adulta tem excesso de peso, de acordo com o Serviço Nacional de Saúde britânico. Além disso, vários estudos sugerem, os problemas com o peso surgem sobretudo na infância e as crianças que crescem em ambientes desfavorecidos têm mais probabilidade de vir a ter excesso de peso.
O Governo tem afirmado a sua prioridade de combater a obesidade e melhorar a saúde pública. Desde 2018 que os fabricantes têm de pagar mais impostos pelos produtos com altos níveis de açúcar. E no ano passado proibiu as promoções “leve dois, pague um”.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, também declarou a sua posição em relação à obesidade depois de ter sido hospitalizado com covid-19 no ano passado.
Johnson afirmou que a obesidade era uma dos “factores reais de comorbidade” associados à doença, “acrescentando que a perda de peso “é uma das formas de reduzir o risco de [desenvolver uma doença severa] de covid-19”.