CDC vai estudar risco de inflamação cardíaca com vacinação para a covid-19

Há mais de 300 casos em adolescentes e jovens adultos nos EUA, mas esta doença é relativamente comum nesta população. Além disso, as pessoas infectadas pelo SARS-CoV-2 são muito mais susceptíveis a sofrer deste problema.

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Um jovem americano de 17 anos a ser vacinado na Pensilvânia, EUA Reuters/HANNAH BEIER

Um painel de especialistas dos Centros de Controlo e Prevenção das Doenças dos Estados Unidos (CDC) vai avaliar nesta quarta-feira os 323 de casos de inflamação do músculo cardíaco (miocardite) ou da membrana que o rodeia (pericardite) em pessoas com menos de 30 anos que foram imunizadas com as vacinas da Pfizer-BioNtech ou da Moderna – isto em mais de 310 milhões de doses administradas até agora nos EUA.

Não se espera que os especialistas votem sobre o uso destas vacinas, diz a NBC. Trata-se de analisar os casos conhecidos e tentar compreender se haverá de facto uma relação com as vacinas, avaliando o potencial risco para adolescentes e jovens adultos em comparação com os riscos conhecidos da infecção pelo novo coronavírus. Estas inflamações já são, por norma, mais comuns em pessoas jovens, sobretudo do sexo masculino.

No entanto, os CDC revelaram existir um número mais elevado do que seria de esperar de casos de miocardite ou pericardite após a segunda dose da vacina de ARN-mensageiro, com mais de metade dos casos concentrados em pessoas com idades entre os 12 e os 24 – a vacina da Pfizer-BioNtech foi já autorizada nos EUA para crianças e adolescentes a partir dos 12 anos a 10 de Maio (na Europa foi a 28 e Maio), e a Moderna está à espera de autorização para que a sua vacina seja usada neste grupo etário.

Os casos de inflamação no coração após a vacinação detectados até agora não têm sido graves. A cardiologista pediátrica Pei-Ni Jone, do Hospital Pediátrico do Colorado (EUA), disse à Associated Press (AP) que tinham sido tratados oito adolescentes ou jovens adultos no seu serviço, com sintomas semelhantes – cansaço e dores musculares, e dor no peito dois dias depois da segunda dose. Mas depois de tratados com analgésicos e medicamentos anti-inflamatórios recuperaram bem. Têm a recomendação de evitar fazer esforços durante os próximos três a seis meses, mas os médicos não detectaram outros problemas.

Não é inédito que a vacinação provoque miocardite ou pericardite – já aconteceu com outras vacinas que não estas. Por exemplo, com a vacina para a varíola, disse à AP James de Lemos, professor de medicina no Centro Médico do Sudoeste da Universidade do Texas, em Dallas, embora não se saiba exactamente porquê.

Estes números ainda podem mudar, mas a estimativa dos CDC é que até ao fim de Maio tenham sido relatados 16 casos de miocardite ou pericardite por cada milhão de segundas doses da vacina para a covid-19 administradas a pessoas com idades entre os 16 e os 39 anos. Isto dá mais ou menos 1 em cada 62 mil.

Mas esta doença pode ser uma das muitas sequelas que ficam nas pessoas que tiveram covid-19, e concretamente nos mais jovens. Estudos feitos em atletas universitários, disse James de Lemos à AP, apontam para quem foi infectado pelo coronavírus tenha entre 1% e 3% de hipóteses de vir a sofrer de inflamação cardíaca – o que representa mais ou menos 1 hipótese em 50.

“Portanto, o risco de um jovem ter miocardite é muito mais alto se tiver covid-19 do que se for vacinado. “Quando está em causa imunizar pessoas saudáveis, temos de avaliar qual é o maior risco – ser vacinado ou arriscar ter covid-19?”, concluiu Lemos.

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