SEF garante que unidade para acolher imigrantes em Caxias vai ficar “totalmente independente” da prisão
A prisão de Caxias vai parar por obras de reestruturação que abrangem um quinto do edifício e destinam-se a criar uma unidade habitacional para acolher cidadãos estrangeiros.
O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) garantiu esta quinta-feira que a unidade habitacional na prisão de Caxias, em Oeiras, para acolher imigrantes que entrem em Portugal em situação ilegal vai ficar “totalmente independente e autónoma” do estabelecimento prisional.
Numa resposta enviada à agência Lusa, o SEF explica que, no âmbito de acordo de cedência de instalações com a Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais, está a realizar “uma obra de reestruturação num imóvel desocupado” para um Centro de Instalação Temporária (CIT).
“A infra-estrutura em causa é totalmente independente e autónoma do estabelecimento prisional de Caxias” recisa aquele serviço de segurança.
Segundo o SEF, as obras de reestruturação abrangem um quinto do edifício e destinam-se a criar uma unidade habitacional para acolher cidadãos estrangeiros que entrem irregularmente em Portugal por via de desembarques na costa portuguesa e aos quais seja decretada judicialmente a sua retenção.
A informação enviada à Lusa recorda que foi por ausência de instalações disponíveis que o SEF se viu obrigado a instalar no quartel de Tavira alguns desses cidadãos, em Setembro do ano passado. Este serviço de segurança avança ainda que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) inclui um investimento de 2,32 milhões de euros para dois centros de instalação temporária em Alcoutim, no distrito de Faro, e em Vila Fernando, concelho de Elvas.
A colocação de imigrantes em situação irregular na prisão de Caxias tem merecido críticas de vários partidos políticos. Esta quinta-feira, o CDS-PP pediu “esclarecimentos urgentes" ao ministro da Administração Interna e o BE requerido uma audição urgente no parlamento de Eduardo Cabrita.
Em causa estão as declarações do ministro da Administração Interna, em 2 de Junho na Comissão de Assuntos Constitucionais, que afirmou estarem a ser desenvolvidas várias soluções para a colocação temporária de estrangeiros que chegam ao território nacional em situação de emergência, nomeadamente na ala sul do Estabelecimento Prisional de Caxias e em Vila Real de Santo António.
Esta sexta-feira, a edição do Público refere que no início deste mês, no parlamento, Eduardo Cabrita disse que a hipótese de alojar imigrantes na prisão de Caxias estava a ser estudada, mas afinal, o SEF e a Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais já tinham assinado um protocolo em Fevereiro, documento ao qual o jornal teve acesso.
Inicialmente estava prevista a construção em Almoçageme, concelho de Sintra, de um centro de instalação temporária de pessoas migrantes e refugiadas às quais é recusada a entrada em Portugal. No parlamento, o ministro referiu que “a solução de Almoçageme não está abandonada”, mas que teve “problemas contratuais e jurídicos vários”.