Portugueses defendem remodelação e Eduardo Cabrita é o primeiro da lista
Sondagem da Católica revela a convicção de que o Governo vai cumprir a legislatura e a preferência dos inquiridos para que não haja acordos escritos, nem à esquerda nem à direita. Com altas taxas de popularidade continua o Presidente, que tem sido “suficientemente exigente” com o Governo.
O Governo precisa de ser remodelado e o ministro da Administração Interna é o mais votado para sair, segundo indica a sondagem do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião (Cesop) da Universidade Católica para o PÚBLICO e a RTP. O trabalho de campo foi feito nos dias do polémico realojamento temporário de imigrantes no ZMar, em Odemira, e por isso não é de estranhar que o ministro da Administração Interna surja no topo da lista, com 19% dos inquiridos a defenderem a sua saída.
Antes, tinham sido questionados sobre a necessidade de uma remodelação governamental e mais de metade (51%) responderam que sim, face a 31% que defenderam o contrário (18% não sabem ou não respondem). Ainda assim, o apelo a uma remodelação é menor do que em Janeiro, quando 61% dos inquiridos defendiam a sua necessidade.
Perante a questão sobre que ministros ou ministras deveriam sair, podendo nomear mais do que um ministro, Eduardo Cabrita foi mencionado por 19% dos inquiridos, Marta Temido (Saúde) por 11%, Francisca Van Dunem (Justiça) por 7% e Tiago Brandão Rodrigues (Educação) por 6%. São os mesmos ministros que têm sido apontados na lista para remodelação, mas por ordem diferente consoante os casos do momento.
Em Janeiro, era a ministra da Justiça quem estava na “berlinda” por causa do caso do procurador europeu e aparecia no topo da lista dos remodeláveis com 27%. Com o caso da morte de um ucraniano às mãos do SEF ainda muito quente, Eduardo Cabrita aparecia em segundo lugar com 24%, cinco pontos a mais do que hoje.
Negociar “lei a lei” no Parlamento
Remodelar sim, dizem os inquiridos, mas para cumprir o mandato até ao fim: 92% dos inquiridos acham “mais provável” o Governo cumprir os quatro anos de legislatura (mais cinco pontos do que em Janeiro), face a 4% que pensam o contrário. E isto sem “geringonça” ou outros acordos pré-definidos. A maioria (55%) defende que a melhor solução é o PS manter a situação actual, procurando negociar lei a lei com os outros partidos.
Os que defendem acordos parlamentares dividem-se entre o PSD e os outros partidos de esquerda, ganhando por pouca margem a aliança com os social-democratas. Enquanto 13% gostava de ver o PS assinar acordos com os partidos à sua esquerda, 14% defende que é com o partido de Rui Rio que o Governo de António Costa se devia aliar até ao fim da legislatura.
É também com o PSD que o Governo deve negociar primeiro o próximo Orçamento do Estado, na opinião de 42% dos inquiridos. Já 28% defendem que o parceiro primordial deve ser o Bloco de Esquerda e 20% acham que deve ser a CDU — juntos somam 48%, mais dos que os que preferem negociações com o PSD. Mas há ainda 24% dos inquiridos que não responderam a esta pergunta e 5% que optaram por outras respostas.
Marcelo “suficientemente exigente”
Uma avaliação em alta continua a ter o Presidente da República: os inquiridos deram-lhe um 15,7 em 20 pelo primeiro mandato, menos seis décimas do que lhe tinham dado em Novembro de 2016, no primeiro ano em funções. Por outras palavras, quatro anos e meio depois, Marcelo Rebelo de Sousa baixou apenas dois pontos nas avaliações positivas, de 97% para 95%.
“Numa sondagem realizada em Novembro de 2016, ainda no primeiro ano do seu primeiro mandato, o Presidente da República foi avaliado positivamente (i.e., com nota 10 ou superior) por 97% dos inquiridos. A avaliação média foi então de 16,3 (a mais elevada das sondagens Católica desde que há registos — 11/2004)”, lê-se no relatório da sondagem. “Agora que está no seu primeiro ano do segundo mandato, o Presidente mantém os elevadíssimos níveis de popularidade e reconhecimento”, conclui-se.
Para este resultado poderá ter contribuído a percepção de que o Presidente foi “suficientemente exigente” com o Governo no primeiro mandato, como consideram 54% dos inquiridos. Já 34% entendem que Marcelo foi pouco exigente com o Governo, face a 6% que acham que foi muito exigente.
Para o segundo mandato, as opiniões dividem-se, mas pouco: 47% defendem que vai manter o nível de exigência com o Governo e 46% acreditam que vai ser mais exigente (e apenas 3% defendem o alívio da pressão).