Observatório Europeu de Educação Física vai analisar prática nas escolas
O objectivo é a “criação de condições para desenvolvermos uma competência de cidadania muitíssimo importante, a literacia física”, explica Marcos Onofre. O projecto foi apresentado num evento que decorreu esta quarta e quinta-feira.
Há especialistas que estão a desenvolver um projecto que visa promover a qualidade da actividade física em contexto escolar. O resultado será um Observatório Europeu de Educação Física, uma plataforma digital que permitirá recolher e analisar dados sobre a prática em diversos países. Entre eles encontram-se Portugal, que coordena o projecto, França, Alemanha, República Checa, Hungria, Suíça, Irlanda e Eslovénia.
Financiada pela Comissão Europeia, esta iniciativa encontra-se sob a tutela da Faculdade de Motricidade Humana, da Universidade de Lisboa (FMH/UL), em colaboração com a Sociedade Portuguesa de Educação Física. Nela participam organizações científicas — como universidades e respectivas unidades de investigação —, bem como instituições representativas dos profissionais de Educação Física, num total de oito países, 12 instituições e 22 investigadores. Por detrás do projecto está a ideia da “criação de condições para desenvolver uma competência de cidadania muitíssimo importante, e que tem de ser valorizada, a literacia física: as pessoas saberem como lidar com a actividade física; como cuidar de si a partir da actividade física; e terem formação sobre isso”, explica Marcos Onofre, vice-presidente da Associação Europeia de Educação Física, investigador e professor associado da FMH/UL.
O trabalho que tem sido desenvolvido, iniciado em 2018 e com data de conclusão inicialmente prevista para Dezembro de 2020, mas alargada, devido à pandemia, para Julho deste ano, já está disponível no site do projecto, e foi apresentado num evento nacional esta semana, via Zoom. O resultado foram dois instrumentos: o Manual de Avaliação Externa (MEA) e o Dispositivo de Monitorização Interna (TIM), que funcionam através de questionários. O primeiro analisa informações gerais dos países — a existência de programas nacionais de Educação Física, qual o tipo de formação dos professores de Educação Física, entre outros. O segundo já corresponde a um levantamento de dados mais local, a partir das escolas, professores e alunos, sobre a prática.
O Observatório “vai permitir fazer este retrato num tempo em que as indicações da Organização Mundial de Saúde, as guidelines europeias, etc., dão indicação da necessidade de garantir condições para a prática de actividade física, nomeadamente através da educação física, para todos”, destaca Marcos Onofre. E, explica, “a Educação Física é provavelmente o único mecanismo democrático para a promoção da prática de actividade física: todos os alunos têm acesso; é gratuito; é ministrado por pessoas que são preparadas para isso; as escolas são preparadas em termos de espaço e equipamentos; e é obrigatório, todos têm de passar por lá”. Além disso, “a Educação Física é a única disciplina que existe desde o 1.º ano de escolaridade até ao 12º ano integrada no currículo, e isso é óptimo, é uma condição de funcionamento fantástica”, evidencia o professor.
Quanto aos resultados futuros do Observatório, Marcos Onofre acredita que serão positivos e que demonstrarão que “Portugal tem, apesar de tudo, no domínio da Educação Física, uma dinâmica muito diferente dos outros países, mais estruturada”. A formação dos professores, os recursos disponíveis, e, sobretudo, os programas nacionais de Educação Física, são as razões que aponta para esta expectativa.
Texto editado por Bárbara Wong