Desafio de 24 horas de trail para reflorestar a Serra da Estrela

Armando Teixeira vai tentar subir e descer durante um dia um dos trilhos mais desafiantes e míticos de Portugal, com o objectivo de angariar árvores para plantar no Alvoco da Serra.

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Paulo Nunes
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O desafio terá início neste sábado, a partir das 16h00, e, durante 24 horas, Armando Teixeira, um dos experientes e consagrados atletas de trail nacionais, propõe-se, na iniciativa “Km Vertical”, a subir e a descer um dos trilhos mais desafiantes e míticos de Portugal – do Alvoco da Serra à Torre, na Serra da Estrela, num percurso de 3700 metros que sobe um quilómetro na vertical. Objectivo: por cada subida e descida, o atleta português vai angariar uma árvore para plantar.

Habituado a competir nas grandes competições internacionais do trail running, Armando Teixeira pretende, com este desafio, para além de estabelecer “a distância mais rápida conhecida do percurso”, “chamar à atenção do perigo que o ecossistema” na Serra da Estrela “corre e a sua desertificação”.

Em declarações ao PÚBLICO, o atleta explica que tem “uma paixão enorme por este tipo de percursos de montanha” e, neste caso, há ainda “o sentimento forte” que tem “pela Serra da Estrela e pelas pessoas de Alvoco da Serra”.

“Tenho uma ligação com aquela serra e com aquele percurso. Em 2014 identifiquei com amigos aquele quilómetro vertical. São 3700 metros de distância onde se sobem mil metros. É um dos poucos lugares em Portugal a subir tanto. É dos mais difíceis”, salienta.

Para se preparar para esta prova após um “ano atípico” e “difícil”, Teixeira diz que houve um “trabalho de equipa”. “Tenho trabalhado com o Paulo Pires, o meu treinador da beAPT. Temos feito um plano específico de força em ginásio. Sempre que é possível vamos até à Serra treinar. Isto passa muito pela preparação mental. Preparei-me o melhor possível tendo em conta as circunstâncias.”

No entanto, o desafio que se propõe não se restringe ao lado desportivo: “O maior valor deste desafio é reflorestar a serra da Estrela e sensibilizar as pessoas. As pessoas habituaram-se tanto a ver a serra nua, que até acham que a serra é assim. Não é.”

Armando Teixeira alerta que o “papel de cada um” é “fazer algo pela serra”. “Não deixar lá lixo já é importante. Plantar uma árvore é importante. Consumir menos água em casa é importante. Não temos uma cultura de montanha e é preciso tê-la quando se vai à serra. Podemos aprende-la com as gentes de Alvoco da Serra.”

Para “contribuir para a reflorestação”, Armando Teixeira apela “à compra de árvores que serão plantadas pelo Movimento Estrela Viva, um movimento de cidadãos locais. Plantarão espécies autóctones - carvalhos, castanheiros e medronheiros em Outubro”.

A corrida pode ser ser acompanhada, através de câmaras e de sistema de geolocalização, na página www.kmvertical.pt, onde podem ser feitos os donativos, mas Joana Viveiro, do Movimento Estrela Viva, alerta que não basta comprar as árvores, uma vez que são necessários outros materiais, e que o trabalho do grupo cívico não se limita à reflorestação: “É necessário monitorizar”.

A representante do movimento elogia iniciativas que promovam a região “de uma forma global” e agradece o desafio de Armando Teixeira: “Iniciativas como o ‘Km Vertical’ respondem precisamente aos quatro eixos prioritários de intervenção definidos pelo MEV e vão ao encontro da sua missão, enquadrando-se por isso no modelo de desenvolvimento que defendemos para o território da serra da Estrela.”

Parceira do evento, a Junta de Freguesia de Alvoco da Serra apoia o projecto uma vez que considera “o mesmo importante para a divulgação do território” e “o desporto pode ser um factor de desenvolvimento económico e turístico, alavancando o progresso da freguesia”.

Gina Brito, presidente da junta de freguesia, salienta que “o ‘Km Vertical’ faz parte da Rota do Pastoreio, um percurso criado há décadas pelos pastores para levarem no verão as cabras e as ovelhas para a serra” e que “os benefícios deste género de actividades vão ter impacto a médio e a longo prazo, trazendo outras provas desportivas” à região.

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