Novo Banco: solução para recuperar dívida de Luís Filipe Vieira “foi adequada”

O líder do fundo que gere os créditos da Promovalor diz que posição do Novo Banco é hoje “mais sólida” e que criação do fundo para recuperar créditos serve para “minimizar” perdas para o Fundo de Resolução.

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LUSA/TIAGO PETINGA

O presidente do conselho de administração da C2 Capital Partners, que tenta recuperar a dívida da Promovalor ao Novo Banco, defendeu esta terça-feira que a posição do Novo Banco é hoje mais sólida com a criação deste fundo que tenta a recuperação dos créditos e acrescentou que a sua criação foi “adequada” para minimizar as perdas imputadas ao Fundo de Resolução. 

A garantia foi dada pelo responsável pelo fundo, Nuno Gaioso Ribeiro, que depõe na comissão parlamentar de inquérito ao Novo Banco que tem como objectivo avaliar as perdas registadas pela instituição e imputadas ao Fundo de Resolução. 

“Posso afirmar de forma taxativa. A criação deste fundo foi adequada para maximizar a recuperação deste crédito ou, se preferirem, para minimizar as perdas registadas pelo Novo Banco, independente de terem sido imputadas ao Fundo de Resolução”, afirmou o antigo vice-presidente do Benfica. 

Antes, o gestor do fundo tinha assegurado não conhecer quais as perdas imputadas ao Novo Banco referentes a estes activos. “Desconheço, desconheço em absoluto, não tenho como conhecer, nem pelo exercício da actividade profissional, nem por conhecimento público, se existem perdas imputadas ao Fundo de Resolução” referentes a estes créditos. 

Segundo a auditoria especial da Deloitte, citada pelo Correio da Manhã, as dívidas da Promovalor (o grupo económico do presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira) tinham levado o Novo Banco a registar imparidades de 225 milhões de euros em 2018. O fundo de Nuno Gaioso Ribeiro gere os activos que recebeu da Promovalor para tentar recuperar a dívida. 

As seis vantagens da criação do fundo

No Parlamento, perante os deputados da comissão de inquérito, o gestor defendeu a opção da criação do fundo como uma solução melhor para o Novo Banco na recuperação da dívida. “A decisão de constituição deste fundo foi ou não a melhor solução para recuperação do crédito do Novo Banco? A resposta deve ser dada com uma análise objectiva e reportada à data da decisão e comporta dois factores que aqui relembro: a posição do credor à data da reestruturação e as alternativas de actuação que o credor dispunha. Se tivermos em conta que com a decisão de criar o fundo o credor garantiu a propriedade plena dos activos e um reforço de liquidez, ou seja, um reforço de garantias e liquidez e uma estabilização dos activos, e uma eliminação de contingências, não tenho nenhuma reserva em afirmar perante esta comissão, suportando tecnicamente tal entendimento, que a posição jurídica e patrimonial do Novo Banco é hoje substancialmente melhor do que à data”, disse. 

“Não tenho também qualquer reserva em afirmar que esta melhoria da posição do Novo Banco não teria sido alcançada através das alternativas de actuação do credor face às condições da época. Isto é, relativamente a estes créditos o Novo Banco, ao decidir pela constituição do fundo, tem hoje uma posição patrimonial, económica e jurídica mais sólida do que dispunha antes”.

Gaioso Ribeiro elencou ainda aos deputados aqueles que são os “méritos” da criação do fundo. E que são seis. “Evitou a venda coerciva, “descontrolada” e em conjuntura recessiva dos activos, alguns dos quais com direitos de outros credores, por vezes até prioritários”; reforçou “materialmente” as garantias do Novo Banco face a estes activos; assegurou liquidez adicional; não contemplou perdão de dívida; garantiu o controlo “quase exclusivo” da propriedade dos activos; e atribuiu “prioridade” ao Novo Banco na distribuição de capital e liquidez gerado pelo fundo. 

O canal de ligação a Vieira

O líder do fundo, que já foi vice-presidente e administrador do Benfica, foi questionado pelos deputados sobre as ligações próximas a Luís Filipe Vieira e a Tiago Vieira, filho do presidente do Benfica, ex-sócio.

Gaioso negou que haja um “canal de influência” na escolha do fundo para a recuperação das dívidas da Promovalor, embora tenha assumido que a escolha deste fundo possa ter “dado tranquilidade” ao devedor. “A relação de confiança não cria nenhum canal de influência”, acrescentou.

No entanto, garantiu que “não há aqui nenhum negócio de favor”. “Nem sei o que é um negócio de favor”. "O Novo Banco é o único titular dos créditos e tem 96% do capital do fundo”, destaca. E sugeriu aos deputados que perguntassem ao Novo Banco por que escolheu o fundo que lidera para recuperar a dívida da Promovalor. 

 

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