Repórter da TVI agredido no final do Moreirense-FC Porto. Canal admite apresentar queixa

Operador de câmara terá sido agredido por empresário com ligações ao FC Porto no final do jogo em Moreira de Cónegos.

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No final do jogo entre o Moreirense e o FC Porto, na segunda-feira, um repórter de imagem da TVI foi agredido pelo agente Pedro Pinho, empresário de futebol, com ligações conhecidas aos portistas. A estação televisiva admite apresentar queixa na sequência do evento. 

O encontro no Parque de Jogos Comendador Joaquim de Almeida Freitas, em Moreira de Cónegos, terminou de forma quente. Os portistas empataram a cinco minutos dos 90 e viram um golo anulado já no período de compensação. Sérgio Conceição acabou por ser expulso e já no exterior do estádio o repórter de imagem da TVI, que mostrava imagens do presidente do FC Porto, Pinto da Costa, foi agredido por Pedro Pinho, empresário envolvido em contratações de jogadores dos “azuis e brancos”.

TVI pode apresentar queixa

Em comunicado, a direcção de informação da TVI diz repudiar “veementemente a agressão que o seu repórter de imagem Francisco Ferreira sofreu” depois do jogo entre o Moreirense e o FC Porto, tendo “como protagonista o empresário de futebol Pedro Pinho”.

Na mesma nota, a estação televisiva “apela às autoridades competentes e às forças de manutenção da segurança e da ordem públicas para que se criem condições de protecção das equipas de reportagem que cobrem este tipo de eventos desportivos”, reservando-se “a faculdade de proceder judicialmente contra os responsáveis pelas agressões”. “A TVI distingue a instituição Futebol Clube do Porto de outros agentes”, sublinha a TVI. De acordo com Victor Pinto, jornalista da TVI, o antigo guarda-redes do FC Porto Vítor Baía pediu desculpa pelo incidente. 

Escreve a TVI, num outro comunicado, assinado pelo conselho de redacção, um órgão independente que representa os jornalistas daquela estação: “O conselho de redacção da TVI lembra que situações como a que se passou esta segunda-feira constituem um crime e são ofensivas e limitativas de direitos previstos na Constituição: o direito de um jornalista a trabalhar em liberdade e sem condicionalismos e, por consequência, o direito de cada cidadão a ser informado”. 

“Nada, mas nada, muito menos os ânimos exaltados que marcam um final de um campeonato de futebol, justificam atitudes como a que se verificou esta segunda-feira”, pode ler-se ainda. 

O repórter de imagem foi, na sequência da agressão, auxiliado pelo staff médico da equipa azul e branca. Segundo fonte da GNR de Lordelo, em declarações ao PÚBLICO, o agressor foi identificado pelas autoridades presentes no local, mas até ao momento não foi apresentada qualquer queixa.

FFP, Liga e sindicato condenam incidente 

“A FPF condena de forma veemente a agressão de que foi vítima um repórter da TVI depois de concluído o jogo entre Moreirense e FC Porto, na segunda-feira à noite. Os espectáculos desportivos devem ser momentos de celebração da paixão pelo jogo e locais em que todos podem exercer as suas funções em liberdade e de forma segura”, adiantou a Federação Portuguesa de Futebol em comunicado enviado durante a manhã às redacções. 

Quem também lamentou o sucedido foi o Sporting, considerando “absolutamente lamentável que a frustração se transforme em condicionamento através da violência e coacção dos meios de comunicação social”. “A cultura de medo, de conflito e a apologia da violência têm de ser banidas do futebol português. Os fins não podem justificar estes meios. As responsabilidades têm de ser apuradas perante a cadeia inteira, desde quem ordena a quem executa”, apontam os “leões”, em comunicado.

A Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) mostrou-se, entretanto, solidária com o repórter de imagem da TVI, “repudiando esta e qualquer agressão verbal ou física contra elementos da Comunicação Social, que ocorram nos estádios ou nas imediações dos mesmos”. “Apelamos a todos que mantenham a serenidade nas jornadas que faltam para terminar os nossos campeonatos. É o futebol quem pode perder com actos irreflectidos”, acrescenta o organismo liderado por Pedro Proença.

A posição do Sindicato dos Jornalistas (SJ) vai no mesmo sentido, considerando o órgão que “o recurso à violência verbal e física contra os profissionais de comunicação social, seja qual for o pretexto, não é admissível numa democracia": “Sendo o crime público, impõe-se que o Ministério Público tome posição rapidamente, em defesa da liberdade de imprensa”.

Através da habitual newsletter, o Benfica também tomou posição: “Os acontecimentos presenciados por todo o país em Moreira de Cónegos, após o apito final entre Moreirense- FC Porto, são a face mais visível de uma cultura desportiva que se repudia e tem de ser exemplarmente punida. Intimidações, insultos, arruaças e agressões não dignificam o futebol português”, escrevem os “encarnados”, apelando às autoridades públicas e às instâncias desportivas que “actuem de forma célere sobre os responsáveis por estes actos”.

O PÚBLICO tentou contactar o FC Porto, mas, até ao momento, não obteve qualquer esclarecimento. 

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