Covid-19: na próxima fase do plano, poderá agendar online a sua vacinação

Além do agendamento feito através da base de dados de utentes, vai ser possível auto-agendar a vacina contra a covid-19. Mais de 15% da população portuguesa já recebeu a primeira dose e mais de 6% está totalmente vacinada, tendo sido administradas em Portugal cerca de 2,1 milhões de doses.

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O coordenador da task force para o plano de vacinação em Portugal, vice-almirante Henrique Gouveia e Melo MÁRIO CRUZ/LUSA

A próxima fase do plano de vacinação contra a covid-19 vai permitir a possibilidade de auto-agendamento online da inoculação, conforme tinha avançado o PÚBLICO, o que, juntamente com o agendamento “centralizado” pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, permitir um “grande fluxo e resposta em termos de capacidade de agendamento”, afirmou esta terça-feira, durante a reunião no Infarmed, o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, coordenador do plano.

Gouveia e Melo explicou que, anteriormente, o agendamento era “centralizado com base na base de dados de utentes” e que este “agendamento vai continuar a ser feito, mas, de forma complementar, vai ser agregado a uma possibilidade de fazer um auto-agendamento”. “As próprias pessoas podem ir ao site e, estando dentro da faixa etária [incluída na respectiva fase], podem agendar a marcação para um determinado centro de vacinação”, disse.

O coordenador da task-force para a vacinação contra a covid-19 acrescentou ainda que irá continuar a existir um “processo” para incluir no programa de vacinação “qualquer pessoa que tenha escapado a estes dois momentos”. Além de poderem pedir ajuda a um familiar para procederem ao auto-agendamento através do portal web que vai ser disponibilizado, estas pessoas poderão pedir “ajuda” na junta de freguesia ou nos postos da GNR, PSP ou bombeiros, entidades que vão servir de “passo intermédio para colocar esses utentes no processo de agendamento”. O objectivo é que “não fique ninguém para trás”.

Próxima fase de vacinação avança por faixas etárias

Na fase 1 do plano de vacinação contra a covid-19 “havia uma escassez de vacinas”, pelo que era necessário “grande detalhe para encontrar grupos específicos”. Porém, Portugal está agora a transitar para “uma fase diferente, que mistura a fase 2 e 3, que é uma fase de abundância [de vacinas] e em que o importante é a fluidez, a capacidade e ritmo de vacinação, começando dos 70 anos para baixo, por faixas etárias de dez anos”, afirmou o coordenador do plano.

Henrique Gouveia e Melo explicou ainda que quando a vacinação de uma população-alvo chega aos 85%, “o que se está a constatar, na prática, é que começa a ser difícil depois agendar a vacinação encontrar o resto dessa população”. “Sobrestimámos os números da população por uma questão de segurança e usamos um método, a que nós chamamos ‘carro-vassoura electrónico’, que vai buscar os dados das pessoas que ainda não foram encontradas e tentamos depois com as autarquias e através de outros métodos usar um processo mais fino para chamar essas pessoas para o processo”, revelou.

A partir de agora, o “método principal” centrar-se-á numa “sequenciação etária pura”, “usando 90% das vacinas [para essa sequenciação] e deixando cerca de 10% das vacinas para doenças que não estão relacionadas com a idade” e que “podem atingir populações muito mais jovens”. Por outro lado, aquelas doenças que estão associadas à idade “naturalmente serão alcançadas pelo processo [de vacinação] por faixas etárias a partir desta semana”.

Mais de 15% da população já tomou uma dose da vacina

O vice-almirante revelou ainda que, “neste trimestre, teremos uma média de administração de vacinas na ordem das 97.000 por dia”. Segundo dados de domingo passado, já chegaram cerca de 2,6 milhões de vacinas a Portugal, tendo sido administradas cerca de 2,1 milhões de doses, das quais 1,5 milhões da primeira dose. “Ou seja, mais de 15% da população já tem a primeira dose e mais de 6% já tem a segunda dose”, notou.

À medida que os lares vão eliminando os surtos de covid-19, os residentes “vão sendo vacinados”, um processo que está já na fase final. Segundo Gouveia e Melo, mais de 90% da população com mais de 80 anos foi já vacinada contra a covid-19.

Além disso, mais de 80% das pessoas entre os 50 e os 80 anos com comorbilidades de tipo 1 foram também vacinadas e a percentagem de vacinação entre os profissionais de saúde ronda agora os 96%. Esta percentagem sobe para 99% no que diz respeito ao pessoal dos serviços identificados como essenciais para a fase 1 do plano de vacinação. Nas escolas, 23% dos profissionais foram vacinados. “Mas neste fim-de-semana vamos atingir muito rapidamente todos os profissionais que trabalham na área do ensino, excluindo o ensino superior”, acrescentou.

O coordenador da task-force afirmou também que, uma vez que Portugal se encontra num momento de transição da fase 1 para a fase 2, existem também já “muitos utentes vacinados na faixa etária dos 65 aos 80 anos”. “Estamos a fazer a vacinação por faixas etárias decrescentes. Portanto, estamos a concentrar estas vacinas na faixa dos 70 aos 80 anos e já temos 27% deste público, cerca de 400.000 pessoas, vacinado”, disse.

Estas declarações foram feitas horas antes do anúncio de que a Johnson & Johnson vai atrasar a entrega das vacinas na Europa, desconhecendo-se, por enquanto, que implicações que poderá ter no plano de vacinação português.

Vacinação poderá permitir evitar mais de 96% dos óbitos

De acordo com o boletim da Direcção-Geral da Saúde de domingo, tinham morrido em Portugal 16.916 pessoas por covid-19, das quais 66% tinham mais de 80 anos, 21% tinham entre 70 e 80 anos e cerca de 9% deste universo correspondia a pessoas entre os 60 e os 70 anos. “Ou seja, quando vacinarmos toda a população acima dos 60 anos, na realidade, estamos a proteger, em termos do que aconteceu no passado, 96,4% das pessoas que faleceram em resultado desta pandemia”, explicou Henrique Gouveia e Melo.

Segundo o vice-almirante, Portugal irá atingir a meta de vacinar todas as pessoas acima dos 60 anos “entre a última semana de Maio e a primeira semana de Junho”. Já a meta de vacinar 70% da população, “o que equivale a ter todas as pessoas acima dos 30 anos vacinadas”, será atingida “entre Julho e Agosto”. Embora se refira apenas à vacinação com (pelo menos) a primeira dose, Gouveia e Melo destaca que uma dose já “confere — em termos de doença grave, internamentos e mortes — uma protecção bastante elevada”.

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