O designer britânico Paul Andrew confirmou, na quinta-feira, que deixará a marca de luxo italiana Salvatore Ferragamo em Maio, uma partida de grande visibilidade que chega numa altura em que o grupo procura recuperar das consequências da pandemia.
“Após cinco anos, com orgulho e um coração pesado, decidi que está na hora de um novo desafio”, escreveu Paul Andrew numa publicação no Instagram, após meses de especulação sobre a sua possível saída da marca, famosa pelos sapatos usados por estrelas de Hollywood, como Audrey Hepburn.
Em Março, a revista Business of Fashion tinha avançado que o designer ia abandonar a Salvatore Ferragamo, citando uma fonte próxima do designer, sem porém a identificar. Na altura, nem o criador nem a direcção da marca teceram quaisquer comentários.
Desta vez, pouco depois da publicação no Instagram, a Ferragamo emitiu uma declaração a confirmar que Paul Andrew apresentou a sua demissão, acrescentando que a partir do próximo mês a equipa de design de 30 pessoas seria responsável pela criação das novas colecções do grupo, a começar pelos desfiles de moda de Setembro.
A marca planeia contratar um novo director criativo, mas não quer apressar uma nova nomeação dadas as condições desafiantes do mercado, causadas pelo surto de covid-19, disse uma fonte próxima da empresa à Reuters.
As vendas da Ferragamo foram mais duramente atingidas pela pandemia do que as de muitos rivais, em parte devido à sua forte concentração de pontos de venda em aeroportos, com o tráfego aéreo fortemente condicionado desde há um ano.
Paul Andrew juntou-se à Ferragamo em 2016 para desenhar sapatos para a sua divisão de moda feminina, enquanto vivia em Nova Iorque e geria a sua própria marca de calçado. Tornou-se director criativo de todo o grupo em 2019.
Duas fontes familiarizadas com o processo disseram que as relações entre Paul Andrew e a família Ferragamo, que controla o grupo, se tornaram cada vez mais tensas nos últimos meses.
O grupo acalmou a especulação de uma iminente mudança de direcção no mês passado, quando confirmou a CEO Micaela Le Divelec. No entanto, ainda não era claro que a executiva permaneça no cargo durante todo o mandato de três anos do novo conselho de administração, que deveria ser nomeado pelos accionistas a 22 de Abril. “Uma nova direcção é uma obrigação, não uma escolha, para o que continua a ser uma das marcas de luxo mais famosas a nível mundial, que tem sido atormentada com um desempenho significativamente inferior nos últimos anos”, disse Flavio Cereda, analista da consultora financeira Jefferies.