Espanha vira-se para África e elege Angola como prioridade

Visita oficial de Pedro Sánchez a Luanda está agendada para o início deste mês. Embaixador espanhol em Angola elogiou combate de João Lourenço à corrupção.

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Presidente do Governo de Espanha quer estreitar laços com Angola, África do Sul, Nigéria, Etiópia e Senegal EPA

Espanha está atenta a África e elegeu como prioritários um conjunto de cinco países entre os quais Angola, que o presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez visita no início de Abril, disse o embaixador daquele país em Luanda, Manuel Ruigómez.

A última visita de um chefe do Governo espanhol a Angola aconteceu em 1991, com Felipe González, e chegou a estar prevista a ida de Mariano Rajoy em 2018, mas a deslocação acabou por ser cancelada devido à crise política na Catalunha.

Com a visita de Pedro Sánchez, que inicia em Angola um curto roteiro que vai passar também pelo Senegal, Espanha quer destacar a crescente importância de África na sua política externa e mostrar-se disponível para apoiar o desenvolvimento dos países africanos através do investimento.

“Espanha está a olhar com mais intensidade para África e aprovou há dois anos um novo plano em que África ganha mais importância na política exterior”, salientou Manuel Hernández Ruigoméz em entrevista à Lusa, destacando que Angola é um dos cinco países prioritários nesta estratégia, juntamente com a África do Sul, Nigéria, Etiópia e Senegal.

O diplomata lembrou que Angola tem atraído o interesse de Espanha desde que conquistou a independência, em 1975, e o presidente do Governo espanhol à época, Adolfo Suárez, chegou a encontrar-se com o seu homólogo angolano, Lopo do Nascimento, em 1976, em Madrid.

Desde então, a relação entre os dois países tem sido “sempre forte e intensa”, realçou, considerando que o futuro de África depende do seu desenvolvimento e que os europeus “deve estar próximos dos seus vizinhos do Sul” para que “juntos”, possam contribuir para o progresso daquele continente.

Espanha tem tido até agora uma política externa mais direccionada para a América Latina, já que este é o continente mais próximo do ponto de vista histórico e cultural, mas Ruigómez defende uma maior aproximação europeia a África onde subsistem problemas que devem ser acautelados, como a imigração e a pobreza.

“Penso que Espanha, tal como Portugal, devem prestar mais atenção a estes problemas. Estamos juntos num mundo, como se vê agora com a pandemia, que ignora as fronteiras. Esta é a nossa fronteira sul e devemos cuidá-la”, assinalou o embaixador.

Para Ruigómez, as soluções para que os países africanos ultrapassem o subdesenvolvimento passam pelo investimento.

“Achamos que fomentando o investimento das nossas empresas e dos nossos investidores públicos e privados podemos ajudar a sair Angola e outros países de uma situação económica difícil”, salientou.

O diplomata elogiou igualmente o combate à corrupção levado a cabo pelo Presidente angolano, João Lourenço, desde que chegou ao cargo, em 2017, que considerou “muito importante” para facilitar a vinda de investidores espanhóis.

Também essenciais são outras iniciativas como os pacotes legislativos que o Governo e a Assembleia Nacional têm vindo a aprovar no domínio da facilitação dos negócios, apontou, lamentando que a pandemia esteja a travar os intercâmbios entre os países.

Se não fosse a covid-19, Angola estaria a atrair mais investimento, acredita, indicando entre as medidas legislativas relevantes, o facto de ter deixado de ser obrigatório fazer parcerias com sócios angolanos para investir no país.