Monumento nacional, o milenar Mosteiro de Lorvão vai ser um hotel
A história do mosteiro, num vale verdejante, tem mais de mil anos: remonta à primeira reconquista cristã de Coimbra em 878 d.C. A sua nova concessionária deverá investir sete milhões de euros na transformação em hotel de luxo.
O Mosteiro de Lorvão, monumento nacional no concelho de Penacova, vai ser transformado em unidade hoteleira através de um investimento privado de sete milhões de euros.
O imóvel, no distrito de Coimbra, será entregue por um período de 50 anos à empresa Soft Time Unipessoal, ao abrigo do programa Revive, estando o início de exploração previsto para 2024, confirmou em comunicado o gabinete do ministro de Estado, da Economia e Transição Digital, Pedro Siza Vieira.
“Além da recuperação do imóvel, o concessionário obriga-se a pagar ao Estado uma renda anual de 37.320 euros”, acrescenta, indicando que o contrato de reabilitação e exploração turística é assinado com o concessionário esta quinta-feira, às 14h30, no mosteiro medieval, numa sessão com a presença da secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, e do presidente da Câmara de Penacova, Humberto Oliveira.
O conjunto arquitectónico, que albergou durante meio século o Hospital Psiquiátrico de Lorvão, é um dos 49 imóveis inscritos no Revive, um programa conjunto dos ministérios da Economia, Finanças e Cultura, que envolve também as autarquias locais, com coordenação do Turismo de Portugal.
“Implantado num verdejante vale, o Mosteiro de Lorvão remonta à data da primeira reconquista cristã de Coimbra, em 878 depois de Cristo, subsistindo, ainda, elementos arquitectónicos medievais, tais como capitéis românicos nas capelas do claustro. No século X, era já importante o seu estatuto e dimensão”, segundo a nota.
No século XVI, o claustro “sofreu remodelações de gosto renascentista e, posteriormente, todo o conjunto edificado foi objecto de importantes e continuadas obras de cariz barroco, que lhe proporcionaram a imagem majestosa” que apresenta actualmente.
Classificado como monumento nacional em 1910, o edifício foi requalificado no século XX para acolher o Hospital Psiquiátrico, tendo na década passada sido recuperado o seu órgão ibérico, “exemplar único de dupla face, de dimensões e sonoridade fora do comum”.
Com o Revive, o Governo pretende “valorizar e recuperar o património sem uso, reforçar a atractividade dos destinos regionais e o desenvolvimento de várias regiões” de Portugal.
Até agora, foram lançados concursos para a concessão de 23 imóveis no âmbito do programa, tendo sido adjudicadas 18 concessões, incluindo a do Lorvão, com um investimento global na ordem dos 138,6 milhões de euros e rendas que ascendem a 2,4 milhões de euros por ano.
Está também aberto o concurso relativo ao Mosteiro de Santo André de Rendufe, em Amares, seguindo-se igual procedimento para concessão do Hotel Turismo da Guarda, bem como dos fortes de São João da Cadaveira e de São Pedro, em Cascais, e do Santuário do Cabo Espichel, em Sesimbra.