Termo “normal” vai ser retirado dos produtos das marcas da Unilever

“E o creme? É para pele oleosa, seca ou normal?” A pergunta, supostamente inofensiva, levantou questões e levou a Unilever a abolir a palavra “normal” de todos os produtos das suas marcas e da publicidade aos mesmos.

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Reuters/UNILEVER

A Unilever anunciou que vai apagar a palavra “normal” de todos os seus produtos de beleza e cuidados pessoais e publicidade, dando assim mais um passo em direcção a ser uma marca inclusiva.

A embalagem de mais de 200 produtos para o cabelo e a pele de marcas como ​Axe, Dove, Rexona e Vaseline vai mudar, disse a porta-voz da Unilever, Jessie Kramer, citada pelo The Washington Post. A Unilever também se comprometeu a aumentar os anúncios com modelos sub-representados e disse que não iria alterar digitalmente a forma corporal ou a cor da pele de uma pessoa na sua publicidade, de acordo com um comunicado de imprensa da última semana.

A decisão surge depois de um inquérito ter revelado que os termos usados pelas marcas de cuidados com a pele e o cabelo têm conotações negativas.

A palavra “normal” pode ser lida, por exemplo, em produtos como champô (“para cabelos normais a oleosos”) ou na loção “para pele normal”. A mudança vem depois de várias campanhas publicitárias da empresa terem provocado uma reacção negativa. Em 2017, um anúncio ao gel de duche Dove, publicado no Facebook, mostrava uma mulher negra a retirar a camisa para revelar uma mulher branca no quadro seguinte. Depois de um coro de críticas, o vídeo foi retirado e a marca emitiu um pedido de desculpas.

Esi Eggleston Bracey, vice-presidente executiva e directora operacional de Beleza e Cuidados Pessoais na Unilever, explicou, citada pela revista Allure, que marcas como Axe, Dove e Vaseline estão em vias de apagar a palavra “normal” da sua linguagem de marketing, notando que a empresa-mãe, a Unilever, já fez progressos ao retirá-la, a nível global, da maioria das suas marcas de cuidados capilares.

“Infelizmente, [a palavra] ‘normal’ foi usada durante muito tempo na indústria da beleza para criar uma norma que se aplica apenas a um grupo restrito e descreve produtos que não respondem a necessidades específicas”, considerou Esi Eggleston Bracey à mesma publicação.

A partir de agora, a Unilever, em vez de anunciar para quem se poderia destinar o produto, irá incluir informação sobre o que o mesmo faz. Por exemplo, no lugar de colocar “para peles secas”, irá informar que o produto é ideal para “repor a humidade”.

No ano passado, a empresa decidiu retirar outra palavra, Fair (claro/clara), da marca de produtos para clarear a pele Fair & Lovely, popular no Sul da Ásia, mas há muito criticada por promover estereótipos negativos contra pessoas de pele mais escura. “Reconhecemos que o uso das palavras ‘claro’ e ‘branco’ sugiram um ideal de beleza singular que não achamos correcto e queremos resolver isso”, disse Sunny Jain, presidente da divisão de Beleza e Cuidados Pessoais da Unilever, em comunicado.

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