Infarmed não recebeu pedido para autorização de medicamento para Constança. Jovem sofre de fibrose quística
Constança Bradell, de 24 anos, expôs nas redes sociais como é viver com a doença rara, pedindo a aprovação do medicamento que lhe poderá salvar a vida. Regulador mostra-se disponível para auxiliar jovem, mas diz que não recebeu pedido de autorização. Hospital diz que negociação para integração da jovem já estava a ser feita.
O Infarmed está a acompanhar o caso de Constança Bradell, uma jovem de 24 anos que sofre de fibrose quística e fez um apelo nas redes sociais a pedir acesso ao Katfrio, um medicamento inovador para o tratamento desta doença rara. “NÃO QUERO MORRER, QUERO VIVER”: numa publicação feita no Instagram com este título, a jovem descreveu a dura luta contra a doença nos últimos seis meses, bem como os efeitos devastadores da fibrose quística.
Em sequência da atenção mediática dada a este caso, o Infarmed esclareceu esta sexta-feira em comunicado que o pedido de Autorização de Utilização Excepcional (AUE), necessário para este tipo de medicamentos, não tinha submetido ao regulador pelo hospital que segue Constança Bradell. Posto isto, o Infarmed reforça que tem como objectivo ajudar a paciente, que acusou o regulador de estar em “negociações intermináveis” na publicação que se tornou viral. “O Infarmed tem toda a disponibilidade para analisar o processo a fim de ser disponibilizado o medicamento à doente no mais curto espaço de tempo, apenas quando o pedido for submetido tal será possível”, esclarece o comunicado.
A jovem está a ser acompanhada no Hospital Santa Maria, apurou o PÚBLICO. Fonte oficial do Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN), que integra o hospital em questão, garante que a inclusão da jovem no acesso ao medicamento estaria a ser negociada “em fase avançada” no âmbito do programa de acesso precoce a medicamentos (PAP). Foi este o motivo, explica a fonte, que levou o hospital a não endereçar um pedido de AUE ao regulador.
O regulador diz também que o Katfrio, medicamento em causa, foi aprovado pela Comissão Europeia em Agosto do ano passado, mas que a documentação solicitada pelo regulador para a avaliação do fármaco apenas foi entregue em Janeiro. Contudo, no caso de pacientes com pedidos de AUE – utilizações de emergência que podem significar a diferença entre a vida e a morte – esse acesso pode ser agilizado.
Constança Bradell descreveu no Instagram a dura luta contra a doença. Considerando que está a ver a vida "a terminar lentamente”, a jovem diz que já enviou cartas para várias figuras políticas a pedir auxílio para a sua situação. “Perdi 13 quilos no espaço de 3 meses e estou ligada a oxigénio 24/7, e a um ventilador não invasivo para dormir porque é a única maneira de eu conseguir continuar a respirar. Uma simples ida à casa de banho parece impossível. Uma simples chamada ao telefone deixa-me exausta”, escreveu.