Altice propõe 80% do vencimento a trabalhadores com 55 anos e 15 de casa
Empresa abre a porta a duas mil saídas com pré-reformas e acordos negociados.
O plano de pré-reformas que a Altice (dona da Meo) anunciou na quarta-feira para os trabalhadores com idade igual ou superior a 55 anos estabelece que só poderão candidatar-se aqueles que tiverem mais de 15 anos de casa cumpridos até 30 de Abril.
Segundo a informação recolhida pelo PÚBLICO, a proposta para estes trabalhadores passa por garantir 80% do vencimento-base e diuturnidades, acrescidos de 40% de outras rubricas remuneratórias que possam existir, como a isenção de horário de trabalho, por exemplo.
A empresa garante ainda a quem aderir ao programa que o plano de saúde continua válido, “para quem deles beneficia” e que, no caso do plano de comunicações, quem sair em pré-reforma mantém “os benefícios telefónicos aplicáveis, a cada momento, ao seu caso particular”.
Para as rescisões negociadas ou rescisões por mútuo acordo, que a empresa também está a lançar em paralelo, não há limite de idade.
As inscrições para este plano de saídas (a segunda fase do Plano Pessoa, depois de uma primeira, em 2019, ter levado à saída de 800 pessoas, apesar de as manifestações de interesse terem superado as 2000) terminam a 15 de Março de 2021.
A adesão “não é vinculativa e está sujeita validação superior”, pelo que após a manifestação de interesse, “será analisada superiormente”, sendo-lhes depois comunicada “a decisão final da empresa”.
Numa comunicação interna, a empresa chama a esta iniciativa um “Plano Organizacional Integrado de saídas voluntárias” destinado a “garantir a sustentabilidade da Altice Portugal num mercado concorrencial cada vez mais agressivo, dinâmico, imprevisível e com clientes mais exigentes”.
Essa sustentabilidade apenas será possível “com uma estrutura cada vez mais ágil e flexível”, refere a empresa liderada por Alexandre Fonseca.
Em entrevista ao Diário de Notícias (DN), o administrador da Altice com o pelouro dos Recursos Humanos, João Zúquete, disse esperar que este acordo, que poderá abranger duas mil pessoas, se possa traduzir numa saída de mil trabalhadores, “de um total de perto de oito mil directos e quase 20 mil indirectos”.
“Se compararmos o número de colaboradores directos da Altice Portugal com os operadores concorrentes, estamos a falar de discrepâncias relevantes: a Altice Portugal tem cerca de oito mil, ou seja, o dobro dos nossos concorrentes somados”, afirmou.
O gestor apontou o dedo à actuação dos reguladores Anacom e Autoridade da Concorrência, considerando que a sua actuação penaliza o investimento e a actividade da empresa. “A responsabilidade desta reorganização deve ser imputada à Anacom e à AdC”, afirmou Zúquete ao DN.