Altice justifica programa de rescisões com “ataque permanente” dos reguladores
“A Anacom e a AdC têm assumido uma postura de ataque permanente e de grande hostilidade, com impactos gravíssimos no nosso sector”, disse o administrador da Altice Portugal. Em causa, está a saída de 2000 trabalhadores.
O administrador com pelouro dos recursos humanos da Altice Portugal anunciou o arranque, esta quinta-feira, da segunda fase do programa de rescisões voluntárias Pessoa com prioridade para quem tem idade igual ou superior a 55 anos, podendo abranger até cerca de dois mil funcionários.
Em entrevista ao Diário de Notícias, João Zúquete da Silva, adiantou que irá ser dada prioridade aos colaboradores com idade igual ou superior a 55 anos, portanto, pré-reformas.
O administrador da Altice Portugal diz também que a empresa vai avançar com um Plano Organizacional Integrado, ao longo de 2021, “composto essencialmente por mecanismos de carácter voluntário, que pretendem tornar a empresa mais ágil, mais eficiente e mais adaptada para fazer face a realidades cada vez mais complexas e difíceis que o contexto de mercado dita”.
“Este plano contempla a segunda fase do Programa Pessoa, que tem os mesmos princípios que presidiram à primeira, e também um generoso programa de rescisão amigável de contrato de trabalho, ambos mecanismos de participação voluntária, que dependem da vontade e da iniciativa do colaborador. Este plano poderá englobar até cerca de dois mil colaboradores, de um total de perto de oito mil directos e quase 20 mil indirectos”, adiantou.
Ao contrário da primeira fase do programa, que abrangia trabalhadores com idades a partir dos 50 anos, oferecendo ou suspensão de contrato ou pré-reforma, nesta segunda fase e de acordo com João Zúquete Silva será dada a prioridade a colaboradores com idade igual ou superior a 55 anos.
“Os trabalhadores que cumpram os requisitos de idade e antiguidade podem manifestar o seu interesse em aderir ao programa a partir de hoje, dado que, como é nosso apanágio, já comunicámos à organização durante a tarde de ontem [quarta-feira]”, avançou
O administrador da Altice disse estimar “uma adesão em números elevados das pessoas não só pela generosidade e justeza do programa em questão como também pelas características intrínsecas do mesmo
Questionado sobre se é a crise provocada pela pandemia de covid-19 que força a Altice a dispensar, por via do Programa Pessoa, mais trabalhadores, João Zúquete da Silva diz que a responsabilidade deve ser imputada à Anacom e à Autoridade da Concorrência (AdC).
“Não é por causa da pandemia ou da procura de resultados e lucros que fazemos este movimento. Isso é algo que nós gerimos e de que temos vindo a dar provas. Fazemo-lo porque a Anacom e a AdC têm assumido uma postura de ataque permanente e de grande hostilidade, com impactos gravíssimos no nosso sector. A responsabilidade desta reorganização deve ser, por isso mesmo, imputada a estas autoridades”, disse.
O responsável destacou o “ambiente regulatório adverso, começando pelo regulador sectorial - a Anacom -, que tem vindo a destruir valor ao mercado pela sua actuação cega quanto aos verdadeiros interesses do país e que culminou no projecto mais importante a seu cargo, o leilão do 5G”.