Covid-19: Obrador vai pedir a Biden para partilhar vacinas com o México

Presidente mexicano pretende empréstimo de vacinas norte-americanas, que será pago assim que as farmacêuticas entreguem as doses prometidas ao México. Os dois líderes vão participar numa cimeira virtual na segunda-feira.

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López Obrador, Presidente do México Jose Mendez/EPA

Andrés Manuel López Obrador, Presidente mexicano, vai pedir ao seu homólogo norte-americano, Joe Biden, para considerar partilhar parte das provisões de vacinas contra o coronavírus dos Estados Unidos com o México, o seu vizinho mais pobre a Sul. 

Segundo responsáveis dos Governos de ambos os países, este pedido está previsto acontecer quando os dois líderes participarem numa cimeira por videoconferência na segunda-feira.

Biden está disponível para discutir o assunto no âmbito de um esforço regional alargado de cooperação na luta contra a pandemia da covid-19, mas vai manter como “prioridade número um” a necessidade de vacinar, em primeiro lugar, o maior número possível de norte-americanos, disse um funcionário da Casa Branca à Reuters.

López Obrador tem sido um dos líderes dos chamados países em desenvolvimento que mais têm pressionado os países ricos a incrementarem o acesso das nações pobres às vacinas. O chefe de Estado mexicano rotula o actual sistema de distribuição de “totalmente injusto”.

“Estamos garantidamente à espera que isso [pedido de vacinas] surja durante a cimeira”, afirmou o funcionário norte-americano.

Um responsável mexicano explicou, por sua vez, que López Obrador pretende pedir um empréstimo de vacinas dos EUA, que será pago quando as vacinas requisitadas com as farmacêuticas com as quais o México assinou contratos forem entregues, mais tarde neste ano.

De acordo com o site noticioso mexicano Proceso, o Presidente do México levantou esta questão a Biden quando os dois falaram ao telefone, em Janeiro, pouco tempo depois da tomada de posse do chefe de Estado norte-americano.

Apesar de Biden ter aumentado o financiamento dos esforços internacionais de combate à covid-19, poderá enfrentar oposição interna se começar a enviar já carregamentos de vacinas para outros países, numa altura em que, mesmo estando a aumentar a sua produção, os EUA ainda estão com dificuldades em satisfazer as suas necessidades internas.

O programa de vacinação mexicano está a ser retardado devido à distribuição lenta de vacinas, ainda que os acordos assinados com várias farmacêuticas internacionais tenham como fim a aquisição de doses para os 126 milhões de mexicanos que residem no país.

Com as entregas da Pfizer atrasadas, o México teve de se movimentar e encomendou vacinas Sputnik V (Rússia) e a Sinovac (China).

As autoridades de saúde mexicanas já administraram a primeira dose a mais de 1,8 milhões de pessoas, que correspondem a cerca de 1,4% da população. O México já registou mais de 185 mil mortos por covid-19 e dois milhões de infectados pelo coronavírus.

A agenda para a cimeira também deverá incluir as migrações – a questão bilateral mais espinhosa –, assim como a cooperação policial e os planos de desenvolvimento económico para o Sul do México e a América Central, revelou o responsável da Casa Branca.

O México passou por um relacionamento complicado com os Estados Unidos durante o mandato de Donald Trump, antecessor de Biden, mas Obrador, de esquerda, conseguiu, ainda assim, forjar uma parceria mutuamente benéfica com o ex-Presidente republicano.