YouTube cria novas “contas supervisionadas” para crianças
Passam a existir três níveis para as crianças com mais de nove anos explorarem o YouTube. Nenhum inclui anúncios personalizados.
O YouTube vai passar a incluir ferramentas para ajudar as crianças mais crescidas a navegar no site em segurança. O objectivo é dar uma opção para jovens que já não se identificam com a versão do YouTube para crianças (uma app sem comentários e focada em desenhos animados e conteúdo educativo), mas que podem não estar preparados ou não ter permissão dos pais para explorar o site normal sem supervisão.
Nos últimos anos, o YouTube tem vindo a ser associado a um veículo de radicalização política e há várias paródias de desenhos animados em cenas violentas que tiveram de ser restringidas. Apesar de o site ter sido criado para maiores de 13 anos, há muitas crianças que o usam: segundo um estudo de 2020 do Pew Research Center, nos Estados Unidos, 80% admite que os filhos mais novos vêem conteúdo no YouTube e cerca 46% dos pais com crianças entre os cinco e os 11 anos admitem que já descobriram os filhos a visualizar conteúdo pouco apropriado para a sua idade no site.
As novas ferramentas, apresentadas esta quarta-feira, devem resolver o problema. A versão Beta, que começa a ser testada nos próximos meses, pode ser configurada directada pelo YouTube ou através da aplicação Family Link (link de família) que já ajuda os encarregados de educação a definir “regras digitais” para os mais novos e controlar o tempo que passam em frente ao ecrã.
Três níveis de YouTube
Com as mudanças, além do YouTube Kids, passam a existir três níveis de YouTube para os menores de 18 anos explorarem. O nível “Explorar” destina-se a crianças com menos de 13 anos — inclui tutoriais, vídeos de jogos, de música e notícias, mas impede o acesso (acidental) a vídeos de outras categorias.
O nível “Explorar mais” inclui conteúdo apropriado para crianças com 13 anos ou mais e permite ver vídeos em directo. O terceiro nível, equivalente à “maior parte do YouTube”, apenas não inclui vídeos para maiores de 18. Por exemplo, vídeos com linguagem profana, conteúdo muito violento ou sexualmente sugestivo.
“À medida que as crianças vão crescendo, vão desenvolvendo uma curiosidade insaciável e começam a procurar mais independência e novas maneiras de aprender, criar e fazer parte de algo”, justifica a equipa do YouTube em comunicado.
O conteúdo disponível em cada nível depende de análises feitas por revisores humanos e inteligência artificial. “Sabemos que os nossos sistemas cometem erros, mas vão continuar a evoluir com o tempo”, reconhece a equipa.
Independentemente do nível, os mais novos não poderão fazer compras na aplicação, nem visualizar anúncios personalizados. Os vídeos continuarão a ter anúncios, mas serão genéricos. É algo a que a empresa está atenta desde 2019, altura em que a Comissão Federal do Comércio (FTC, na sigla inglesa), nos Estados Unidos, abriu uma investigação para averiguar se a empresa recolhia, indevidamente, dados de menores de 13 anos. Na altura, a Google (dona do YouTube) aceitou pagar 170 milhões de dólares para encerrar as investigações e deixar de apresentar publicidade direccionada em vídeos para crianças.
As novas ferramentas para pais devem ser lançadas em mais de 80 países nos próximos meses.