Ambientalista presa por divulgar tácticas de Greta Thunberg em apoio aos agricultores da Índia

A detenção de Disha Ravi está a provocar uma onda de protesto pelo que é considerado um ataque à liberdade de expressão e à democracia na Índia.

prisao,crime-lei-justica,mundo,ambiente,india,asia,
Fotogaleria
Manifestantes seguram cartazes em protesto contra a detenção de Disha Ravi, em Bangalore, 15 de Fevereiro de 2021. SAMUEL RAJKUMAR/Reuters
prisao,crime-lei-justica,mundo,ambiente,india,asia,
Fotogaleria
JAGADEESH NV/EPA
prisao,crime-lei-justica,mundo,ambiente,india,asia,
Fotogaleria
DIVYAKANT SOLANKI/EPA

A ambientalista Disha Ravi, de 21 anos, foi detida na Índia no sábado, acusada de incitar os protestos dos agricultores contra as novas leis agrárias que duram há mais de dois meses. A polícia de Nova Deli acusa Ravi de “conspiração” e diz que terá participado na divulgação de uma lista com medidas de apoio aos agricultores na Índia, inicialmente partilhada pela activista sueca Greta Thunberg.

Activistas sociais e políticos da oposição têm criticado a forma como o caso está a ser gerido. “A prisão de Disha Ravi é a última escalada da repressão da Índia contra a liberdade de expressão e a dissidência política, uma vez que procura abafar os protestos em massa dos agricultores”, disse Shashi Tharoor, um deputado do principal partido de oposição, o Congresso, citado pela Reuters. Também o ministro-chefe de Nova Deli, Arvind Kejriwal, considera a detenção “um ataque sem precedente à democracia”.

Vários estudantes têm-se manifestado em Bangalore, a cidade de Ravi, revoltados contra a detenção da ambientalista, reclamando a sua libertação.

A activista ambiental indiana, que é co-fundadora do movimento Fridays For Future na Índia, pode ser condenada a prisão perpétua se for acusada e julgada.

A polícia levou Ravi da sua cidade no sábado para um interrogatório. Um funcionário do Ministério responsável pela investigação, citado pela Reuters, afirma que a polícia tinha “provas concretas” que levaram à detenção de Ravi, mas ainda não há acusações formalizadas. 

O documento que Thunberg partilhou no dia 4 de Fevereiro, e que motivou as acusações por parte da polícia, contem ideias para campanhas de protesto e petições, bem como várias “acções urgentes”, como diz a revista India Today, tais como organizar manifestações em frente de embaixadas da Índia e criar uma campanha a favor dos agricultores no Twitter.

A polícia de Nova Deli disse que o documento incitava uma “guerra social, cultural e económica contra o Governo da Índia”. Também o associou à invasão do Forte Vermelho de Nova Deli, na qual milhares de agricultores entraram pelo complexo histórico adentro.

Para seguir o rasto dos envolvidos no documento, a polícia entrou em contacto com os gigantes tecnológicos, como o Google, e, desde então, foram feitas diversas buscas. A estas seguiram-se a detenção da Disha Ravi e outros interrogatórios.

Desde Novembro do ano passado que milhares de agricultores protestam na Índia contra a reforma agrária que foi instituída, a qual é vista pelos mesmos como uma via que privilegia as granes empresas, deixando-os à mercê dos preços de mercado livre. Queixam-se que esta reforma baixa os preços de venda, ameaçando os seus rendimentos, e que as grandes empresas são as únicas beneficiadas.

“Nós não vamos a lado nenhum, estamos prontos para ficar aqui sentados durante anos se for preciso”, segundo um manifestante citado pelo Times of India. “Podemos sobreviver ao coronavírus, mas não a estas leis”, remata.

Os manifestantes dizem não sair do lugar enquanto os seus direitos não forem reivindicados.

Texto editado por Ana Gomes Ferreira

Sugerir correcção
Comentar