Marcelino da Mata e a memória selectiva de Portugal
A democracia portuguesa criou uma história oficial e entrincheirou-se nela. Marcelino da Mata não cabia lá dentro. Morreu semi-desconhecido, até ao dia em que alguém tenha a coragem de sair da trincheira para contar a sua história, como ele merecia e nós merecemos.
Marcelino da Mata morreu na quinta-feira, aos 80 anos de idade, de covid-19. Os telejornais ignoraram a notícia. A maior parte dos portugueses não faz a menor ideia de quem foi Marcelino da Mata. Há uma forma particular de pobreza que afecta este país – a pobreza da nossa memória histórica, demasiado selectiva e formatada, que conduz à ignorância generalizada sempre que falamos de factos ou de pessoas que não encaixam na historiografia oficial do regime. Marcelino da Mata foi colocado do lado de fora da história da democracia portuguesa, e por isso morreu sem que o seu nome e a sua vida extraordinária fossem integrados na memória colectiva.
O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.