Habituada ao clima soalheiro de Espanha, a princesa Leonor, de 15 anos, vai viver para o cinzento e chuvoso País de Gales, no Reino Unido. Segundo avança a Casa Real Espanhola em comunicado, a futura rainha vai fazer o equivalente ao ensino secundário no UWC Atlantic College. “A princesa Leonor passou por todo o processo selectivo que consiste numa fase inicial de pré-selecção, desenvolvida de forma anónima por cada candidato, e numa fase final, realizada electronicamente com testes diferentes”, pode ler-se no comunicado.
A mudança está prevista entre o final de Agosto e o início de Setembro, altura em que começará o ano lectivo. A jovem monarca vai residir numa das residências escolares do colégio, e vai partilhar a casa com outros três alunos que são distribuídos consoante a nacionalidade, origem e confissão religiosa. Ao todo são 350 estudantes. No mesmo espaço, residem ainda professores e funcionários da instituição.
O International Baccalaureate é uma formação que pretende educar os alunos para um mundo global, oferecendo currículos que promovem o desenvolvimento das capacidades intelectuais, emocionais, pessoais e sociais das crianças e jovens. No caso de Leonor, esta formação é equivalente ao ensino secundário, mas ao contrário do ensino tradicional que tem a duração de três anos, este é de dois anos lectivos — a princesa terminará os estudos em 2023. Em Portugal também existem escolas que oferecem esta formação.
No caso do UWC Atlantic College, o custo das propinas é de 76.500 euros, valor que será suportado pela renda anual de Filipe VI e Letizia. O colégio já deu as boas-vindas à princesa. “Estamos ansiosos para receber Sua Alteza Real a princesa Leonor das Astúrias como uma das seleccionadas para participar do UWC Atlantic em 2021”, declarou o director, Peter T. Howe.
Uma escola para todos
Tal como o pai, a princesa das Astúrias frequentou o colégio privado de Santa María de los Rosales, em Madrid. Esta decisão de ir para o País de Gales representa uma mudança em relação ao percurso escolar de Filipe VI, que só iniciou os seus estudos no estrangeiro depois de ter terminado o ensino secundário em Espanha.
Ainda assim, Leonor não é primeira princesa europeia a frequentar aquele colégio. Foi também escolha da família real belga para a futura rainha, a princesa Elizabeth, 19 anos. Assim como o rei holandês Guilherme, agora com 52 anos, e a princesa herdeira Raiyah da Jordânia, de 35 anos, estudaram naquela escola.
Segundo a nota do Palácio da Zarzuela, o UWC Atlantic College, fundado em 1962, “não tem cariz religioso, político ou qualquer outro condicionamento. A sua única ideologia é a dos seus próprios ideais e fundamentos pedagógicos: uma educação para a paz que acredita na convivência intercultural”.
Assim que ingresse na instituição, a princesa poderá juntar às suas competências de inglês, francês, mandarim e árabe, um programa completo e multifacetado que inclui disciplinas de ciência e literatura. Além disso, o currículo propõe ainda “um curso interdisciplinar comum de teoria do conhecimento e a realização de uma monografia”. Espera-se ainda que Leonor frequente um programa especial sobre criatividade, onde beneficiará de formação em teatro, música, arte, desporto e apoio à comunidade, entre os quais se destaca o trabalho com crianças com necessidades educativas especiais e idosos, aulas de primeiros socorros, recuperação de espécies animais ou resgate marítimo.
A escola é frequentada por alunos de 80 nacionalidades e diferentes estratos económicos. A selecção é feita com base no mérito e potencial dos candidatos, “75% dos alunos possuem bolsa integral ou parcial”, acrescenta a nota da Casa Real. Se acolhe muitos filhos de classe alta e da realeza, cinco em cada 100 estudantes são refugiados ou oriundos de zonas em conflito como a Palestina, Iémen, Iraque ou Afeganistão.
Este colégio faz parte de uma rede de escolas, a United World Colleges, que é um movimento de educação global que “faz da educação uma força para unir pessoas, nações e culturas para a paz e um futuro sustentável”, diz o site da escola. A actual presidente desta rede é a rainha Noor da Jordânia.
Texto editado por Bárbara Wong