A viagem está marcada para sábado, às 11h. O embarque faz-se na RTP1. Destino: Açores. Os guias são dois autóctones apaixonados pelo arquipélago – não fosse o programa Mal-Amanhados - Os Novos Corsários das Ilhas apresentado como uma “declaração de amor” de dois açorianos à sua terra.
Da Terceira vem Luís Filipe Borges, argumentista-comediante também conhecido como “O Boinas” nos tempos em que era rosto de programas como A Revolta dos Pastéis de Nata ou 5 para a Meia-Noite. O parceiro é o escritor micaelense Nuno Costa Santos, que assinou livros como Céu Nublado com Boas Abertas e peças de teatro como I Don’t Belong Here – ambas marcadas pela exploração de alguma vertente da identidade insular.
São eles os “novos corsários” do título. A série documental, que fica em antena na RTP1 aos sábados de manhã, nasceu de “um sonho alimentado por dois amigos desde que se conheceram nos corredores da faculdade”, lembra Borges, que acredita que, “dada a época incerta que atravessamos, esta aventura possa ser um humilde bálsamo, um farol de esperança, uma forma de viajarmos pelas ilhas desde o conforto de nossa casa”. À dupla juntaram-se Alexandre Borges (irmão de Luís Filipe), Diogo Rola na realização e, como responsável pela banda sonora, o cantautor terceirense Cristóvam.
Mal-Amanhados desenvolve-se em dez capítulos que visitam todas as ilhas – um episódio para cada e um décimo com cenas extra (bloopers incluídos) –, à medida que os anfitriões percorrem a paisagem e o património de cada uma delas e se lançam a desafios como subir ao topo do Pico (o primeiro destino), fazer queijo no Corvo ou surfar em São Jorge.
Pelo caminho, percorrem trilhos, aventuram-se nas fajãs, conversam com as gentes de cada sítio – quem sempre lá morou e quem escolheu lá viver –, param para contemplar, partilham curiosidades e segredam sugestões que caem fora dos roteiros turísticos habituais, tudo temperado com expressões idiomáticas típicas.
Emitida em Abril do ano passado pela RTP Açores, Mal-Amanhados atracou também na RTP Play, onde continua disponível. Em Dezembro, teve direito a uma versão em livro, com a chancela da Letras Lavadas. Lançado online e prefaciado pelo escritor Onésimo Teotónio de Almeida (outro açoriano), é feito de testemunhos de momentos vividos durante a rodagem e das reflexões e emoções de quem regressa a casa, bem como dicas adicionais sobre os sítios por onde passaram, onde comeram, onde ficaram. A ilustrar o périplo estão fotografias captadas pelo realizador.
“Haveria sempre tanto mais a dizer, percorrer, falar e fazer nestas nove ilhas”, escreveu Luís Filipe Borges. “Nas centenas de páginas que agora conservam para sempre aquilo que na chamada caixinha mágica se desvanece, há inéditos, tesouros atlânticos, desafios a novas aventuras afectivas com o território que tanto nos honra. Uma casa com nove divisões onde é urgente viver. Procure-se a maravilha.”