A Ivory quer vestir-nos de causas e mudar o mundo
A marca de roupa, criada por dois irmãos, apela à solidariedade e quer falar sobre causas, da desigualdade de género à protecção do elefante asiático. Dez por cento dos lucros revertem para as associações parceiras: de Abril a Dezembro, doaram 2500 euros.
A cada cor das camisolas corresponde uma causa e, a cada venda, 10% do lucro reverte para a associação que a defende: o verde sálvia reabilita casas com a Just a Change; o azul limpa os oceanos com o Movimento Claro; o mostarda protege o elefante asiático, com o Elephant Nature Park.
Os irmãos Afonso e Francisco Soares criaram a Ivory durante o primeiro período de confinamento em Portugal. Inicialmente, com a linha #FlattenTheCurve, para combater o crescimento da pandemia, em Março de 2020, quando ainda desconhecíamos o que nos esperava. Depois, perceberam que podiam fazer mais e, com dez novas cores, chegaram dez novas causas.
“A Ivory surge de uma enorme influência dos nossos pais”, conta Francisco, o irmão mais velho, de 23 anos. “Lembro-me de ser muito miúdo e a minha mãe fazer dezenas de minutos de carro para separar o lixo. Sempre houve muito respeito pelo planeta.” As camisolas da marca viajam até à casa de quem as compra em embalagens compostáveis, “alimento para minhocas”, produzidas a partir das sobras da produção do milho.
“Quando eu tinha 15 anos, e o meu irmão 13, perdemos o nosso pai e descobrimos que doava uma parte do ordenado, todos os meses, a associações de caridade. Ninguém sabia. Lembro-me de dizer à minha mãe que, quando ganhasse dinheiro, também ia doar”, recorda Francisco. De Abril a Dezembro de 2020, a Ivory doou 2500 euros às associações parceiras. O plano é, em 2021, acrescentar mais um zero ao valor.
No Dia Mundial da Saúde Mental, a 10 de Outubro, a Ivory lançou uma linha de sensibilização sobre o tema, em parceria com a Active Minds, com a mensagem “you are not alone”. “Não estás sozinho nesta luta que parece solitária”, dizem na página de Instagram da marca. Multiplicaram-se as pessoas que encomendavam a t-shirt, tiravam uma fotografia e publicavam-na nas redes sociais, para falar sobre a sua própria experiência de saúde mental. As mensagens na caixa de correio da Ivory eram tantas, e tão íntimas, que contrataram uma psicóloga para responder a quem lhes escrevia um pedido de ajuda.
“Há dois anos debati-me com a ansiedade, mas o pior foi achar que mais ninguém se sentia assim, que ia ficar maluco, e só pedi ajuda quando já estava em desespero”, partilha Francisco. “O tabu é absurdo, não faz sentido não falarmos sobre isto.” Inconformado, decidiu fazer da sensibilização sobre saúde mental uma prioridade, e assim abriu espaço para o assunto nas redes sociais da marca.
As camisolas e t-shirts da Ivory, de algodão orgânico e poliéster reciclado, são produzidas no Bangladesh, um nome que “faz soar alarmes”. Fazem-no por duas razões: porque queriam levar mais longe a mensagem da Ivory, através de um preço acessível, e porque confiam no trabalho da Fair Wear Foundation, que acompanha a fábrica de roupa. A Fair Wear Foundation estabelece com os seus membros um Código de Práticas Laborais, onde estão definidos, entre outros, a proibição do trabalho infantil e do trabalho forçado, um salário e horário de trabalho justos e um ambiente de trabalho seguro e saudável.
A Ivory finaliza, agora, a colecção do próximo Verão, com novidades para a linha sobre saúde mental, e prepara-se para abordar o tema da desigualdade de género. Os preços das peças variam entre os 19 e os 44 euros e podem ser adquiridas através do site. “O nosso sucesso já não se traduz só no lucro ou no número de doações. Hoje sentimos que a Ivory já se trata muito mais de sensibilização do que de solidariedade.”