Agência Europeia do Medicamento recomenda 21 dias entre doses de vacina contra a covid-19
Revelação foi feita pela ministra da Saúde num entrevista. Portugal tinha questionado organismo internacional sobre se era possível alargar prazo entre tomas.
Esta era uma proposta da Comissão Técnica da Vacinação Contra a Covid-19, aumentar o intervalo entre as duas tomas da vacina contra a covid fornecida pela Pfizer de 21 para 42 dias, como forma de aumentar o número de pessoas imunizadas. Mas não colheu a aceitação da task force, que esperava o resultado de uma avaliação da Agência Europeia do Medicamento depois de Portugal e outros países a terem questionado sobre esta possibilidade.
“Já recebemos resposta e não é possível. Aconselham os 21 dias”, revelou a ministra da Saúde em entrevista à revista Visão. Mesmo sem esta possibilidade, que permitiria usar no imediato as doses disponíveis para segundas tomas na vacinação de outras pessoas - como o PÚBLICO noticiou -, e apesar da dependência do calendário de entregas das companhias farmacêuticas, Marta Temido reafirma que o Governo mantém “o objectivo de vacinar 80% dos profissionais de saúde e de acção social e 80% das pessoas com mais de 80 anos até ao final de Março”.
“Isso é o objectivo número um. E gostaríamos de garantir adicionalmente o maior número de vacinações de pessoas com mais de 50 anos e com comorbilidades, também até ao final de Março”, assumiu a ministra na mesma entrevista.
De acordo com os últimos dados do Governo disponíveis, referentes até à meia-noite de dia 3, existem já 350.945 pessoas vacinadas contra a covid. Destas, 275.093 com a primeira dose e 75.852 com duas tomas.
A segunda fase do calendário de vacinação contra a covid-19 arrancou esta semana, com o alargamento da imunização a pessoas com mais de 80 anos, independentemente de terem ou não doenças, e do grupo entre os 50 e os 79 anos com uma ou mais das quatro patologias consideradas de risco para um aumento de internamentos e mortalidade quando associadas à infecção por SARS-CoV-2 (doença coronária, insuficiência cardíaca, insuficiência renal e doença pulmonar obstrutiva crónica). No caso dos doentes em hemodiálise, este processo de imunização já tinha começado.
O processo de vacinação tem estado envolto em alguma polémica devido a situações de alegadas vacinações indevidas - pessoas que não fazem parte dos grupos prioritários - e que levou a que Francisco Ramos a pedir a demissão do lugar de coordenador da task force depois de o mesmo ter identificado irregularidades na vacinação dos profissionais do Hospital da Cruz Vermelha, onde desempenha a função de presidente da comissão executiva. O vice-almirante Gouveia e Melo, número dois da task force foi nomeado coordenador desta estrutura.